Dormem com mulher, sonham com homem: o fetiche do agressor enrustido

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O caso do ex-jogador Igor Cabral, preso após desferir mais de 60 socos contra uma mulher dentro de um elevador, já era revoltante o suficiente. Mas bastou vazar um vídeo íntimo com outro homem para que o agressor se tornasse, pasme, alvo de desejo. O portal EM OFF revelou que mais de 1.500 mulheres enviaram mensagens a Igor. Algumas românticas, outras oferecendo “apoio emocional”.

Como se carinho curasse costelas quebradas.

Entre uma confissão de amor e um pedido para visitá-lo, o que se vê é a repetição de um velho roteiro: criminoso vira celebridade. Mas esse, convenhamos, traz um componente a mais. A revelação da vida dupla de Igor Cabral — com parceiros como o homem identificado como Leandro, que o sustentava financeiramente, e relatos da trans Alessia Vitória, que escancarou o “hétero do lar que adora chupar um p**” — não só desmonta a pose de machão como expõe o pânico de muitos desses agressores com a própria sexualidade.

É sempre assim: batem em mulher, mas querem mesmo é deitar com homem.

Não por acaso, a explosão de violência vem quase sempre acompanhada de hipocrisia sexual. Esses machões de fachada, que vivem à base de testosterona performada, explodem porque vivem em conflito com os outros e, sobretudo, consigo mesmos. A mulher vira saco de pancada de uma frustração que, no fundo, tem outro endereço. E o pior: mesmo depois de tudo, ainda recebem cartas de amor.

A explicação para esse delírio coletivo pode ter nome técnico, hibristofilia, atração por criminosos, mas o cenário é o mesmo: um agressor em evidência, uma mulher destruída, e uma plateia aplaudindo.

O caso Igor Cabral não é só um escândalo. É um espelho torto do que muita gente prefere não encarar: a mistura tóxica de masculinidade frágil, homofobia internalizada e a sexualização da violência.

E nessa equação, enquanto o agressor é romantizado, a vítima segue tentando reaprender a viver. Sozinha.

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