A cena era de coletiva no Hospital do Andaraí, na Zona Norte, mas o palco era outro: as televisões dos cariocas. Enquanto Eduardo Paes (PSD) comentava a invasão de criminosos armados ao Hospital Pedro II, em Santa Cruz, ao vivo para o programa RJ1, quem chamou mais atenção foi a base governista amontoada atrás do prefeito — cada um em busca de alguns segundos de imagem ao vivo.
Na tentativa de demonstrar unidade em meio à crise, formaram fileira ao lado de Paes: o presidente da Câmara Municipal, Carlo Caiado (PSD), o vice-prefeito Eduardo Cavaliere, os vereadores Deangelles Percy (PSD), Rodrigo Vizeu (MDB), Márcio Ribeiro (PSD), líder do governo, e até Leonel de Esquerda (PT). Tudo isso enquanto Paes explicava, com algum improviso, a falta de estrutura para conter uma invasão armada numa unidade de saúde.
Mas se a base estava ali para garantir apoio visual, o estrago verbal viria logo depois.
Embate pela verdade
Durante entrevista ao Bom Dia Rio, o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, alegou que unidades da rede municipal já tiveram 516 suspensões de funcionamento em 2024 por motivos de segurança, invasão ou risco. A fala não passou batida.
Horas depois, o secretário estadual de Segurança Pública, Victor Santos, desmentiu Soranz em coletiva com os chefes da Polícia Militar e da Polícia Civil. Para ele, o número é inflado e irresponsável:
“Isso não condiz com a verdade. Há cerca de 20% de ocorrências efetivamente registradas. O secretário tem meu telefone, mas não ligou pedindo apoio. Esse tipo de declaração gera insegurança na população”, disparou.
A invasão aconteceu por volta das 2h30 da madrugada desta quinta-feira (18). Homens armados renderam os seguranças da garagem e invadiram o Pedro II em busca de Lucas Alegado, de 31 anos, baleado horas antes em uma emboscada e apontado como testemunha de crimes. Ele, porém, já havia sido transferido de ala — e escapou.