Governo falha na segurança da COP30 e quer mais poder sobre polícias estaduais

Jefferson Lemos

Munição para oposição: ONU reage e imagem do Brasil sofre abalo internacional

O governo federal mal consegue garantir a segurança da COP30 — palco de uma invasão que expôs falhas graves na proteção de autoridades internacionais — e, ao mesmo tempo, articula uma PEC para assumir o controle das polícias estaduais. A contradição virou munição política e internacional para a oposição, após o episódio de terça-feira (11), quando manifestantes romperam barreiras e invadiram a blue zone, área sob gestão da ONU em Belém.

Invasão expõe fragilidade e gera crise diplomática

A manifestação começou em área sob responsabilidade do governo do Pará, atravessou uma zona federal e culminou na blue zone, onde houve confronto com seguranças da ONU. Dois agentes ficaram feridos e o espaço foi esvaziado às pressas. A ONU abriu investigação e alterou temporariamente o acesso principal, enquanto diplomatas estrangeiros questionam a capacidade do Brasil de proteger eventos de escala global.

Governo se exime, ONU cobra, e imagem do país sofre

O governo federal alegou que a responsabilidade pela segurança da blue zone é da UNFCCC, órgão da ONU que organiza a COP. Mas fontes da segurança apontam que a liberação irrestrita da green zone, gerida pelo governo brasileiro e sem exigência de credenciais, facilitou a mobilização dos manifestantes. A medida, considerada atípica, teria incentivado protestos mais ousados.

A repercussão internacional foi imediata. A ONU reagiu com firmeza, e interlocutores revelam que o presidente Lula ficou irritado com o episódio. Embora o governo evite criminalizar movimentos sociais, cresce a pressão por uma resposta firme para evitar novos tumultos.

PEC da Segurança e dilema político

A crise ocorre em meio à tramitação da PEC que propõe ampliar o controle da União sobre as polícias militares e civis dos estados. A proposta, já criticada por governadores e especialistas, ganha novo contorno diante da falha de coordenação na COP30. Como pode o governo federal querer centralizar a segurança nacional se não consegue proteger um evento internacional em seu próprio território?

Próximos protestos e tensão crescente

A Marcha Mundial pelo Clima, marcada para domingo (16), deve reunir cerca de 20 mil pessoas. As forças de segurança prometem atenção redobrada, mas o episódio reacende o debate sobre os limites da manifestação política, a representatividade dos movimentos sociais e a capacidade do Brasil de sediar eventos globais com segurança.

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Jefferson Lemos é jornalista e, antes de atuar no site Coisas da Política, trabalhou em veículos como O Fluminense, O Globo e O São Gonçalo. Contato: jeffersonlemos@coisasdapolitica.com.br
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