Júlio Canelinha: ‘A prefeita me bloqueou no WhatsApp para não fazer a transição de governo’

Jefferson Lemos

Dando sequência à série de entrevistas exclusivas com os prefeitos campeões nas urnas, que se destacaram de alguma forma nas eleições e que assumirão o Executivo de suas cidades, o site COISAS DA POLÍTICA traz nesta quarta (18) um bate-papo com Júlio Canelinha (União), eleito em Paraíba do Sul. As entrevistas da série serão publicadas em EDIÇÃO ESPECIAL da REVISTA COISAS DA POLÍTICA.

Nome completo: Julio De Souza Bernardes
Grau de Instrução: Superior Completo
Naturalidade: Paraíba Do Sul (RJ)
Partido: União Brasil

Transição, só no Instagram

Eleito com 13.909 votos na cidade de Paraíba do Sul, o empresário Julio Canelinha (União) assumirá seu mandato em 2025 sem saber o que vai encontrar pela frente. Ele acusa a prefeita Dayse Onofre (Republicanos), que não conseguiu se reeleger, de dificultar o processo de transição. O diálogo, segundo ele, não existe: “Ela me bloqueou no WhatsApp dela”, contou o prefeito eleito.

A situação para Canelinha não é nada confortável, visto que a transição governamental visa propiciar condições para que o candidato eleito para o cargo prefeito possa receber de seu antecessor todos os dados e informações necessários à implementação do programa do novo governo, desde a data de sua posse.

“Na verdade, até hoje a gente não conseguiu fazer uma transição de fato. Tivemos uma dificuldade tremenda para poder adentrar nos locais públicos, ter acesso aos contratos. Até agora não sei o que é que tem para pagar. As informações são muito truncadas, faltam páginas de processo. Alguns processos sumiram”, denunciou o prefeito eleito, sem saber se faltam remédios ou como está a situação da coleta de lixo, por exemplo.

Sem transição na cidade, Júlio Canelinha diz que tem usado o período de tempo antes da posse em articulações para trazer projetos e recursos para a cidade. O prefeito eleito conta que logo após o resultado do pleito conversou com o governador Cláudio Castro (PL) e com o presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar (União). Também diz que tem ido muito a Brasília. Ele conta que ao contrário do que foi a atual gestão, seu governo será de diálogo: “A gente viu brigas políticas sendo travadas e as pessoas perdendo com isso”, compara.

Uma das apostas de Canelinha para alavancar a economia da cidade e melhorar a qualidade de vida da população será o turismo. Ele conta que assim como Miguel Pereira fez, trazendo a atração dos dinossauros, pretende atrair outros negócios turísticos para fazer com que as pessoas despertem o interesse de irem visitar Paraíba do Sul. “Nós também vamos buscar esse caminho de conversar com a iniciativa privada para levar pra lá negócios turísticos importantes, para que as pessoas possam visitar”.

Sobre as ameaças de morte que recebeu em 2022, quando ocupava a subsecretaria de Estado de Governo, Canelinha revelou que ainda segue cuidando de sua segurança. “Lá atrás, na verdade já havia uma força política nossa que vinha crescendo. Logicamente, Paraíba do Sul já teve candidato a prefeito sendo morto em praça pública, então eu não vou pagar para ver de novo essa história”. Confira a seguir a íntegra da entrevista, que está imperdível:

COISAS DA POLÍTICA – O senhor declarou enfrentar dificuldades para conduzir o processo de transição junto à atual prefeita Dayse Onofre (Republicanos), que tentou a reeleição, mas foi derrotada. O senhor disse que ela dificultou o acesso à informações fundamentais, o que compromete a organização da sua gestão. Como está o impasse? Qual prejuízo concreto para as suas ações à frete da prefeitura?

JÚLIO CANELINHA – Na verdade, até hoje a gente não conseguiu fazer uma transição de fato. O que a gente tem é uma conversa com alguns servidores. Tivemos uma dificuldade tremenda para poder adentrar nos locais públicos, ter acesso aos contratos. Até agora não sei o que é que tem para pagar. As informações são muito truncadas, faltam páginas de processo. Alguns processos sumiram. Dentro de alguns locais públicos a nossa equipe não conseguiu adentrar.

Além disso, o decreto da transição foi modificado várias vezes. Foi imposto agora pela atual administração, pela prefeita, a condição de informar um e-mail no prazo de 24 horas antes mesmo de fazer uma visita da transição. São coisas que eu nunca vi acontecerem nesses anos todos que eu estou na vida pública. A população de Paraíba do Sul está perdendo com isso. Não sou eu, também não é ela que está indo embora do governo, mas sim toda a população que está perdendo com a questão do serviço público.

Eu não consigo enxergar até agora como está a questão de medicação na cidade. Não consigo entender como é que está a questão do lixo. A cidade está toda suja. Interrompe-se o serviço de lixo o tempo todo. A gente não consegue entender de verdade o que que está acontecendo. Existe uma ação onde a empresa que hoje presta o serviço do lixo continua no serviço por uma questão de liminar. Se a liminar cai, aí de repente a empresa volta de novo. Está uma confusão.

Na verdade, ela [a prefeita] criou uma falsa transição para poder divulgar no Instagram da prefeitura e dizer que está sendo feita transição. Mas na verdade não está sendo feita transição nenhuma. A gente está no escuro até agora. É muito ruim esse desencontro, essa forma fomo a Dayse faz política. Ela me bloqueou no WhatsApp dela. Não consegui ligar para ela, para falar com ela. Porque gostaria realmente de estar conversando com ela, já que ela deixa de ser gestora eu passo a ser gestor. É muito importante a gente prezar pela ética, pela transparência. São vidas de pessoas, são vidas de quase 50 mil habitantes que estão em jogo.

Então, é triste ficar sem conseguir entender quais são os primeiros passos que nós vamos dar por conta dessa transição que não foi nem um pouco transparente por parte da atual administração. Mas eu vou seguir trabalhando muito. Me organizando com nossa equipe técnica e também responsabilizando aqueles que deram prejuízo ao erário público, os secretários, as pessoas que foram do serviço público e que não tiveram zelo, que não tiveram responsabilidade para cuidar do dinheiro que não é delas, é público.

COISAS DA POLÍTICA – Em 2022 o senhor registrou queixa após receber ameaça anônima de morte. Em entrevista à imprensa local, confessou que passou a ter necessidade de andar com seguranças e temer por crimes políticos, haja visto o município já ter sido palco de um assassinato em praça pública de um postulante ao cargo de prefeito da cidade. O senhor, na época, atribuiu o fato ao seu crescimento político na região. Agora, eleito prefeito, ainda teme por sua segurança?

JÚLIO CANELINHA – Você acompanhou aquele momento em que eu recebi algumas ameaças, recebi várias ligações, mensagens de texto. Eu sempre tive uma vida muito simples de interior, nunca gostei de andar com segurança, carro blindado, mas depois desse episódio eu tive que passar por isso. Andar com segurança, com carro blindado, por conta das ameaças que sofri. E lá atrás, na verdade, já havia uma força política nossa que vinha crescendo. Logicamente, Paraíba do Sul já teve candidato a prefeito sendo morto em praça pública, então eu não vou pagar para ver de novo essa história.

Eu não quero fazer aqui nenhuma acusação a nenhuma pessoa, mas tem sim, visto que isso começou a acontecer na minha vida com meu crescimento político, a minha chegada à Secretaria de Estado de Governo. É lógico que também na Secretaria de Estado de Governo a gente lidou com diversos combates ao crime organizado e a gente acaba de verdade ficando na frente da coordenação de um trabalho de segurança pública, que acaba também criando esse tipo de vulnerabilidade na nossa vida pessoal, mas continuo até hoje tomando todos os cuidados possíveis para que a minha família não pague o preço. Quero ajudar a minha cidade. Logicamente tenho que continuar cuidando dessa minha segurança, por conta dessas ameaças que sofri.

Eu espero que isso acabe, porque na verdade eu sempre tratei todos os políticos, até mesmo aqueles que são de outros partidos, têm outras ideologias, como adversários e não como inimigos. E não comungo dessa política que ultrapassa a linha do idealismo e da vontade pública. Sou uma pessoa de espírito público. Gosto de ver as coisas acontecerem, gosto de ver resultado. E acho que não é por aí que a gente vai resolver os problemas da cidade.

COISAS DA POLÍTICA – Como disse, no Governo Cláudio Castro o senhor chegou a liderar a Secretaria de Estado de Governo, que é responsável por coordenar projetos, obras e serviços estaduais de grande impacto à população. Agora como prefeito eleito, que projetos e obras pretende buscar para a cidade?

JÚLIO CANELINHA – Eu tive a honra de ser subsecretário de Estado de Governo ao lado do grande Rodrigo Bacellar, que é meu líder político, presidente do meu partido. Tive a importante missão, por um período, de assumir também a secretaria. Isso foi importantíssimo para o meu crescimento político, para o meu aprendizado, o meu amadurecimento. Assumir uma secretaria dessa envergadura não é coisa para qualquer um, ainda mais suceder alguém como Rodrigo Bacellar.

A gente fez um grande trabalho, ampliamos o número de bases do Segurança Presente, ampliamos os serviços da Lei Seca, criamos o ‘Programa RJ para todos’, que atendeu as pessoas em estado de vulnerabilidade social e foi para dentro dos municípios. Rodrigo tem um olhar para o interior. Ele é uma pessoa do interior e eu também sou do interior, então a gente trouxe a Secretaria de Governo mais próxima do interior do Estado, porque em outros governos você via ações da Secretaria de Governo voltadas só para a capital. A gente mudou essa história, se aproximou mais das pessoas. No entanto, esse crescimento político do Rodrigo se deveu a esse excelente trabalho que ele fez na Secretaria de Governo, por conta de uma grande equipe que foi montada e liderada por ele.

E acho que por eu ter tido essa relação próxima aos deputados, ao parlamento, ter feito a interlocução do Governo com o setor produtivo do Estado do Rio de Janeiro, ter feito contato com os outros entes federativos do nosso Brasil, foi importante para enriquecer o relacionamento, que é importante pra gente atrair recursos fundamentais, para gente mudar a realidade da cidade e fazer com que esses projetos que existem hoje possam sair do papel e mudar a vida das pessoas.

Então, por essas oportunidades que tive, eu quero fazer um agradecimento ao Rodrigo Bacellar e ao governador Cláudio Castro. Foram fundamentais, importantes para o meu crescimento político e não tenho dúvidas que a gente vai colher frutos disso para a cidade, levando pra lá o Segurança Presente, levando para Paraíba do Sul o Corpo de Bombeiros, que até hoje a gente não tem uma unidade. As pessoas de Paraíba do Sul hoje precisam ir a Três Rios para poder ter os serviços dos bombeiros. Levar questões de saúde, você sabe que a gente tem lá o hospital de referência de traumato ortopedia, o HTO Dona Lindu, que precisa se fortalecer cada vez mais.

Enfim, vários serviços do estado do Rio de Janeiro eu tenho certeza absoluta que vão chegar com mais facilidade em Paraíba do Sul por essa facilidade de interlocução política que existe entre eu, o governador e o presidente da Casa Legislativa, Rodrigo Bacellar.

COISAS DA POLÍTICA – Recentemente o senhor esteve em Brasília, onde se reuniu com o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e também com o ministro Carlos Lupi (Previdência), para discutir o Fundo de Previdência dos servidores da cidade e a nova unidade do INSS em Werneck. Que novidades traz de Brasília para o município?

JÚLIO CANELINHA – Eu tenho utilizado desse período de tempo que ainda não assumi a prefeitura, pós eleição, para ir muito a Brasília. Eu também estou sempre no Rio, pedindo apoio aos deputados estaduais. Fiz uma visita ao governador logo após o resultado das eleições, mostrando que Paraíba do Sul passou a ser uma cidade, agora, com alinhamento com o governo do Estado, ao contrário do que era na gestão passada, onde a prefeita brigava, fazia críticas duras ao Governo do Estado. Pra gente mudar de verdade o aspecto político e o clima em que vive a região, também mandei um recado pro mercado: Paraíba do Sul está aberta para o desenvolvimento, para o crescimento.

Em Brasília, estive com o ministro Padilha, uma pessoa que já conheço há algum tempo e tive a oportunidade de trabalhar em Brasília alguns anos atrás, quando fiz uma relação de amizade com ele. Estive também com um André Ceciliano, [secretário de Assuntos Federativos]. É um elo do Rio de Janeiro com a Presidência da República, fundamental para as prefeituras do interior. Ele também já foi prefeito do interior e sabe das nossas dificuldades. E estive também com o ministro Lupi, que é um grande amigo, companheiro, que esteve comigo na campanha eleitoral, junto com o PDT. E levei pra ele a pauta fundamental de darmos apoio ao Instituto de Previdência do nosso município de Paraíba do Sul, que encontra-se numa situação critica, caótica financeira.

O município hoje precisa todo mês aportar recursos para conseguir fazer o pagamento do aposentado. Não existe hoje um fundo com solidez para poder garantir que o idoso, que a pessoa aposentada possa ter o seu salário garantido pros últimos anos, nem sequer para a próxima folha. É uma situação muito crítica, é um dos grandes desafios da nossa gestão. A gente quer muito contar com apoio do ministro Lupi pra conseguir, através do Comprev, de alguns recursos, sanar essas dívidas que existem do município para com o Instituto de Previdência da cidade. Não tenho dúvidas de que o ministro, com essa relação que a gente tem de um longo tempo, vai conseguir de verdade dar apoio a esse instituto e dar respeito às pessoas que tanto contribuíram com o desenvolvimento da nossa cidade.

COISAS DA POLÍTICA – Quais serão as prioridades para o município? Qual área considera a mais problemática?

JÚLIO CANELINHA – A prioridade número um do município, sempre será nossa maior preocupação, é a questão da saúde pública. Sem saúde pública a gente não consegue avançar nas outras causas. A gente no passado tinha uma interlocução muito ruim com o hospital da cidade. A gente viu brigas políticas sendo travadas e as pessoas perdendo com isso. Então, primeiro é equilibrar essa relação entre a prefeitura municipal e o Hospital Nossa Senhora da Piedade. Fazer com que os recursos cheguem lá de maneira clara e transparente, para que a gente tenha uma relação de transparência tanto entre o repasse da prefeitura para o hospital, quanto da prestação de contas do hospital para com a prefeitura. Afinal de contas, é dinheiro público e a gente precisa ter responsabilidade para lidar com esses investimentos, que são necessários para cuidar da saúde da população.

Nós temos também um desafio enorme de fazer com que na região a gente possa fazer de Paraíba do Sul uma cidade desenvolvimentista, fazer com que a cidade possa gerar emprego, que as pessoas possam trabalhar dentro do próprio município e colocar renda dentro do nosso município. A gente tem visto a região inteira avançar em turismo. Será uma outra grande prioridade nossa avançar na estratégia turística que já vem dando certo em Miguel Pereira, vem dando certo em Areal, vem dando certo em várias cidades da região, em Pati do Alferes, com a Festa do Tomate, que se tornou das festas mais importantes do Brasil e que atrai visitantes todos os anos para a cidade.

A gente sempre foi uma cidade de receber muitos turistas por conta da nossa exposição agropecuária que ficou perdida durante esses quatro anos e não teve. É uma pena, a cidade perdeu durante esses quatro anos com a saída desse evento. O crescimento hoteleiro da cidade foi quase zero, a gente não recebeu turistas durante esses quatro anos no nosso município. Pouquíssimos eventos aconteceram. E a cidade de Paraíba do Sul tem todo um charme, tem uma história, tem a história do Brail passando ali por dentro com o Caminho Novo, então a gente tem muito para explorar na questão de desenvolvimento, seja no turismo, seja na saúde, seja na educação.

A gente tem um hospital de referência de traumato ortopedia dentro da cidade. A saúde também atrai pessoas pra cidade. Só pra você ter uma ideia, o hospital HTO Dona Lindu emprega 500 pessoas. É uma indústria, é uma indústria de saúde que está ali empregando pessoas, fazendo pessoas de todo o estado do Rio de Janeiro visitarem a cidade todos os dias. E a gente quer abrir, sim, espaço para que outros hospitais de referência do estado possam ter a sua residência ali dentro de Paraíba do Sul, fazendo com que isso também faça parte do desenvolvimento.

COISAS DA POLÍTICA – O senhor já concorreu outras vezes ao cargo de prefeito. Além do apoio do governador Cláudio Castro e do presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar, duas figuras de peso no cenário político fluminense, a que outros fatores o senhor atribui a sua vitória nas urnas? O que teve de diferente nesta campanha?

JÚLIO CANELINHA – Sem dúvidas o apoio do presidente estadual do União Brasil, Rodrigo Bacellar, para que eu pudesse ter a legenda, foi fundamental. E também o apoio do governador Cláudio Castro, que esteve comigo na caminhada. Tanto ele e quanto o Rodrigo e diversos outros políticos que são grandes líderes de nosso Estado estiveram na campanha. Sem dúvidas, sem eles seria um caminho mais longo, mais duro e mais difícil para esta disputa. Eles foram fundamentais para que eu chegasse à vitória. Eu reconheço e tenho enorme gratidão por essas duas grandes figuras. São dois grandes amigos que eu tenho, o Rodrigo Bacellar e o Cláudio Castro.

E também acho que foi fundamental o fato das pessoas entenderem que era o momento que a cidade precisava reverter a questão de fragilidade política, de briga política. Elas encontraram a mudança no nosso grupo político. Um grupo que uniu os partidos, nós tivemos o maior número de partidos na cidade que nos apoiaram. A condição que nós temos de relacionamentos, elas são fundamentais para que os investimentos externos e também privados cheguem ao município de Paraíba do Sul. A população resolveu dar a oportunidade para que a gente assumisse o governo municipal, dando uma boa votação pra gente, nos dando a vitória, criando assim uma grande expectativa de mudança e de crescimento e desenvolvimento para nossa cidade. Tenho certeza que nós vamos juntos com muito trabalho, alinhados ao Governo do Estado, alinhados à Assembleia Legislativa, fazer com que seja uma administração de referência para o Estado e para o Brasil.

COISAS DA POLÍTICA – Como o senhor disse, Paraíba do Sul não tem explorado o seu potencial turístico. O senhor citou a vizinha Miguel Pereira como exemplo a ser seguido. Qual o seu plano para alavancar o turismo na cidade? O que fazer para atrair o turista para o município?

JÚLIO CANELINHA – Bom, vários fatores são necessários. Primeiro, para você receber turista e fazer com que as pessoas venham visitar a cidade, você precisa trazer negócios turísticos que façam com que as pessoas se desloquem. Segundo, cuidar da cidade, manter a cidade bonita, limpa, dar apoio à nossa rede hoteleira para melhorar as hospedagens, os leitos de hospedagem que existem no nosso município. Também melhorar a questão das estradas, nós estamos numa cidade que faz limite com diversos municípios e até mesmo com outro estado. Então é fundamental que a gente tenha as estradas bem organizadas, buscar uma estratégia para que a gente posa fazer com que as pessoas visitem mais Paraíba do Sul pelos negócios turísticos que vão chegar.

Assim como Miguel Pereira fez com os dinossauros, trouxe para lá outros negócios turísticos que fazem com que as pessoas despertem o interesse de irem visitar a cidade, nós também vamos buscar esse caminho de conversar com a iniciativa privada para levar pra Paraíba do Sul negócios turísticos importantes, para que as pessoas possam visitar. A estratégia nossa, de início, é mostrar para os investidores, mostrar para o mercado do turismo do Brasil e mundial, que Paraíba do Sul está aberta a este crescimento por conta de um contexto histórico que existe. Nós temos o Caminho Novo da Estrada Real passando por dentro da cidade. Nós temos, no distrito de Sebollas, o osso da canela esquerda do Aferes Tiradentes. Nós temos em Paraíba do Sul a primeira vinícola do estado. A gente não avançou porque não existiram políticas públicas.

Areal, por exemplo, onde o prefeito é meu primo, o Gutinho [Bernardes (PP)], avançou muito mais do que a gente, tem muito mais vinícolas hoje, condomínios, grandes negócios acontecendo no caminho desse desenvolvimento da rota da uva que está acontecendo na região. E Paraíba do Sul não acompanhou porque não existiu uma política pública. Não existiu uma secretaria que deu suporte de verdade para que esses investidores pudessem acreditar na cidade. A gente vai reverter esse quadro, acreditando e atraindo mais pessoas para fazer com que Paraíba do Sul tenha um desenvolvimento turístico acima da média e volte a ser uma cidade protagonista na região.

COISAS DA POLÍTICA – Após as eleições o senhor foi convidado a assumir a presidência estadual da União Brasileira de Municípios (UBAM) no Rio de Janeiro, entidade que visa desenvolver, entre outras pautas, ações e projetos para o desenvolvimento dos municípios. Já tem em mente algo que possa trazer para Paraíba do Sul?

JÚLIO CANELINHA – Eu recebi com muito carinho do presidente Léo Santana o convite para assumir a presidência da UBAM, que foi constituída de uma união de diversos municípios brasileiros. Tenho muito orgulho de estar fazendo parte, representando o Estado do Rio de Janeiro, sendo o presidente estadual dessa instituição. Acho que vai ser importante pra gente unir as cidades, a gente conversar de cada situação pontual de cada município. Cada um tem a sua peculiaridade e cada um tem, aliás, suas características.

O Estado do Rio de Janeiro é muito diverso. Você tem no Estado do Rio de Janeiro uma praia a 40 minutos de uma serra. Assim você muda com rapidez, em uma hora de carro, de um estilo de vida para um outro estilo de vida. Então, eu acho que o Rio de Janeiro precisa se conversar. O turista que vem ao Rio de Janeiro, ele tem que durar mais de sete dias. O turista que normalmente está vindo de fora do Brasil vem pro Rio para ficar tão só na capital e ele dura no máximo sete dias porque ele não conhece esse turismo do interior.

É necessário que a ente faça como outros países, que mostre de verdade o que mais o Estado do Rio de Janeiro tem. O Estado tem suas praias lindas e belas do Rio de Janeiro, tem serras maravilhosas, tem gastronomia, tem vinho, tem festas culturais. O Estado do Rio de Janeiro tem um interior muito forte. Para você ter uma noção, a minha cidade tem 570 km² e tem quase 700 km só de estada vicinal. Então, assim a gente tem um crescimento da agricultura para ser tocado daqui para frente, adiante. A gente tem a questão agora do turismo rural, que tem avançado muito. Esportes radicais também nas áreas rurais como motocross e mountain bike. Eu sou filho disso, eu sei o quanto isso atrai pessoas todos os anos para a cidade. E a minha cidade é celeiro de bons pilotos, é o celeiro também do mangalarga marchador, que existe lá a tradição de ter todo ano a exposição especializada.

Então, assim, na verdade é muito importante a gente reunir e entender, colocar cada um numa caixinha e mostrar pro mundo inteiro o que o Rio de Janeiro tem. Aí nós vamos tentar fazer isso. Vai ser o grande desafio da UBAM, sob o comando Léo Santana, que é o presidente nacional, e o meu comando na presidência estadual, para gente reunir os municípios do Estado do Rio de Janeiro e conversar cada um sobre sua característica para que a gente possa de verdade ir até o governador, ir até o presidente da República e até a iniciativa privada, em conjunto, para que a gente possa, quando chegar com uma pauta, chegar com uma pauta regional, não só pensando somente no seu município, pensando uma região.

Quando você desenvolve uma região você consegue desenvolver os municípios. Quando um só município desenvolve, o resto acaba se desintegrando porque acaba se confundindo, só um avança, não fica bom para todo mundo. Então, na verdade, a minha expectativa com a chegada à presidência, é justamente para fazer a união entre esses municípios do nosso estado e fazer com que Paraíba do Sul possa também ganhar muito.

COISAS DA POLÍTICA – Que mensagem o senhor deixa para a população de Paraíba do Sul? O que ela pode esperar de seu novo governo?

JÚLIO CANELINHA – Pode esperar muita dedicação, muito trabalho, uma equipe técnica. Pode esperar muita entrega, interlocução com o governo estadual e com o governo federal. Sem dúvida a nossa chegada à prefeitura de Paraíba do Sul é a chegada da esperança, a quebra das grades da prefeitura e abertura para um governo mais humanizado, um governo que quer ver a cidade desenvolvimentista, quer ver o paraibano de verdade poder cursar sua faculdade dentro da própria cidade, trabalhar dentro da própria cidade e pensar num desenvolvimento econômico como todo.

Desenvolvimento econômico não é só falar de geração de emprego. Desenvolvimento econômico sustentável é a sustentabilidade da vida das pessoas e as pessoas poderem viver na cidade e conseguir de verdade fazer desenvolver a sua vida dentro do próprio município. As pessoas da cidade de Paraíba do Sul hoje vivem no município por morar, porque se tornou uma cidade dormitório. Elas vão se desenvolver fora da cidade. Isso é muito ruim porque o dinheiro fica fora do nosso município. Então, pode esperar dedicação pra gente fazer com que Paraíba do Sul seja uma cidade protagonista na região e uma cidade com desenvolvimento socioeconômico nunca visto antes na história. Sem dúvidas eu tenho certeza absoluta que junto com o governador Cláudio Castro, com o presidente da Assembleia, Rodrigo Bacellar, a gente vai chegar a resultados que vão ficar para a história do nosso município. Eu quero aproveitar e deixar aqui um Feliz Natal para todos os cidadãos sul-paraibanos e um Feliz Ano Novo. Que seja um ano novo de muita esperança, de muita fé, muito trabalho e muita entrega.

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Jefferson Lemos é jornalista e, antes de atuar no site Coisas da Política, trabalhou em veículos como O Fluminense, O Globo e O São Gonçalo. Contato: jeffersonlemos@coisasdapolitica.com.br
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