Uma prática criminosa vem lesando motoristas no Rio de Janeiro: a adulteração da gasolina com um teor de álcool muito acima do permitido. Em alguns casos, a proporção de etanol chega a superar 80%, quando o limite permitido por lei é de 27%, tornando o combustível mais álcool do que gasolina.
Essa fraude causa danos não só prejuízo aos bolsos dos motoristas, mas também danos severos aos veículos, especialmente aqueles que não possuem tecnologia flex.
A ANP e da Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade (Seas) têm intensificado as fiscalizações para combater essa irregularidade.
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Em uma operação recente, agentes identificaram postos que vendiam a gasolina adulterada, além de outras fraudes como bombas que entregavam menos combustível do que o registrado no visor.
No último dia 24, um posto de gasolina em Brás de Pina, Zona Norte do Rio, foi interditado. Os agentes identificaram irregularidades na gasolina e, durante a análise, constataram 83% de etanol anidro, sendo o permitido por lei de somente 27%.
O local foi devidamente lacrado e o gerente do empreendimento e dois frentistas foram encaminhados para a delegacia.
No último dia 30, outro posto foi interditado, desta vez no bairro do Cubango, em Niterói. Durante a fiscalização, os agentes constataram que a gasolina comercializada no local apresentava 47% de etanol anidro.
O alto teor de etanol anidro na gasolina não só prejudica financeiramente o consumidor, pois consome mais, como também pode causar impactos em carros à gasolina, já que não é compatível com a substância.
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Adulteração com outras substâncias
Em março, o Ministério Público do Rio de Janeiro prendeu cinco donos de postos envolvidos em um esquema de adulteração, onde substâncias tóxicas e proibidas, como o metanol, eram misturadas à gasolina e ao etanol.
O metanol, além de ser altamente inflamável, pode causar cegueira e danos neurológicos se inalado ou manipulado de forma inadequada.
A investigação revelou que a rede criminosa expandiu suas operações para 60 postos de combustíveis entre 2017 e 2023. Para burlar a fiscalização, os envolvidos adquiriram combustíveis sem nota fiscal, corromperam agentes públicos e manipularam lacres das bombas.
Prejuízo para os motoristas
Os consumidores são os maiores prejudicados. Carros que não possuem tecnologia flex podem sofrer falhas mecânicas graves, incluindo danos à bomba de combustível e ao motor.
Além disso, a adulteração impacta diretamente o desempenho dos veículos, aumentando o consumo e reduzindo a eficiência. Muitos motoristas só percebem o problema após enfrentarem custos elevados com manutenção, sem contar os riscos à segurança ao dirigir um carro com combustível comprometido.
Impunidade e desafios na fiscalização
Apesar das operações, a impunidade ainda é um problema. Muitos postos reincidentes continuam operando, e os responsáveis encontram brechas na legislação para escapar das punições.
Enquanto isso, os motoristas seguem vulneráveis, sem garantias de que o combustível adquirido é realmente seguro e dentro das normas.