Em uma operação que escancarou os tentáculos do crime organizado interestadual, o Governo do Estado, por meio da Comando de Operações Especciais (COE) da Polícia Militar, iniciou nesta quinta-feira (26) a demolição de três mansões erguidas ilegalmente na comunidade da Rocinha. A operação contou com apoio da Secretaria de Ordem Pública (SEOP) do Rio, e dos ministério públicos do Rio e do Ceará.
As construções, localizadas na região da Dionéia, serviam de esconderijo para criminosos do Comando Vermelho oriundos do Ceará, que migraram para o Rio em busca de refúgio após a limitação das ações policiais imposta pela ADPF das Favelas.
A decisão da Justiça, que restringiu operações policiais em comunidades cariocas durante a pandemia, acabou criando um efeito colateral perverso: a migração de facções de outros estados para favelas do Rio, onde encontraram terreno fértil para se reestruturar. A Rocinha, uma das maiores comunidades da América Latina, tornou-se um desses destinos.
“Não vamos permitir que criminosos de outros estados utilizem o Rio de Janeiro para a prática do crime organizado ou como local estratégico de fuga e refúgio. Vamos seguir trabalhando para enfraquecer esses grupos de narcotraficantes que querem desafiar a segurança pública. Por isso, a integração entre as forças de segurança e órgãos de Justiça é essencial para devolver a tranquilidade às comunidades”, afirmou o governador Cláudio Castro.
As mansões demolidas nesta manhã chamavam atenção pelo luxo: piscinas, áreas gourmet, porcelanato e até pias douradas. Avaliadas em cerca de R$ 6 milhões, foram construídas sem qualquer autorização municipal, em área de encosta desmatada, o que aumentava o risco de deslizamentos e colocava em perigo moradores da região. Veja o vídeo: Clique aqui
Durante a operação, agentes encontraram uma parede falsa que escondia um túnel de fuga para a mata, revelando a sofisticação da logística criminosa.
“Essa operação representa um passo fundamental no desmantelamento de estruturas que garantem poder e mobilidade aos traficantes. Ao remover construções ilegais usadas como esconderijo ou ponto estratégico, estamos não apenas enfraquecendo as facções criminosas, mas também reafirmando a presença do Estado em áreas historicamente dominadas pela violência, disse o secretário de Estado de Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes.
A demolição das mansões do tráfico é mais do que uma ação urbanística — é um recado direto ao crime organizado: o Rio de Janeiro não será refúgio para foragidos de outros estados.