📰 Uma pesquisa divulgada nesta quarta-feira (2) pelo instituto Quaest revelou que 70% dos deputados federais são contra o fim da escala 6×1, modelo em que o trabalhador atua por seis dias consecutivos e descansa apenas um.
A proposta de mudança, apresentada pela deputada Erika Hilton (PSOL-SP), visa instituir uma jornada de quatro dias de trabalho por semana, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores e alinhar o Brasil a tendências internacionais.
No entanto, a resistência parlamentar à proposta acende um alerta sobre os rumos da economia brasileira. Segundo estudo da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), a extinção da escala 6×1 pode provocar a perda de até 18 milhões de empregos, além de comprometer até 16% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.
O levantamento aponta que, sem um aumento proporcional da produtividade, a redução da jornada elevaria os custos operacionais das empresas, pressionando a inflação e estimulando a informalidade.
📣 Oposição parlamentar e impasse político
A pesquisa Quaest também revelou que a rejeição à proposta é mais intensa entre os parlamentares da oposição (92%), mas atinge até mesmo a base governista (55%). Apenas 22% dos deputados se mostraram favoráveis ao fim da escala 6×1.
Apoiadores do governo Lula, que tentam emplacar a medida como parte de uma agenda social, ainda não conseguiram articular apoio suficiente no Congresso para avançar com a proposta, que diante do choque de realidade soa como mais uma medida populista.
📉 Crise e informalidade em alta
O Brasil já enfrenta um cenário preocupante: 38,3% da força de trabalho está na informalidade, segundo dados recentes. A adoção de uma jornada mais curta, sem planejamento e sem contrapartidas produtivas, pode agravar esse quadro. Pequenas e médias empresas, que operam com margens apertadas, seriam as mais afetadas, podendo recorrer a contratações informais ou até mesmo encerrar atividades.
🌍 Descompasso com o mundo
Enquanto países como Espanha, França e Islândia testam modelos de trabalho mais flexíveis com ganhos de produtividade, o Brasil corre o risco de adotar uma mudança estrutural sem o devido preparo. “Reduzir o tempo de trabalho sem elevar a produtividade é uma conta que não fecha”, alertou o economista-chefe da FIEMG, João Gabriel Pio.
⚠️ Entre o ideal e o possível
A discussão sobre a jornada de trabalho no Brasil escancara o dilema entre o desejo de modernização das relações laborais e a dura realidade econômica. Sem um plano robusto de transição, a tentativa de abolir a escala 6×1 pode resultar em mais desemprego, menos arrecadação e um salto na precarização do trabalho.
A pergunta que fica: o Brasil está pronto para esse passo — ou está prestes a tropeçar em sua própria pressa?