‘Surto ou estratégia?’: oposição reage à fala de Lula que chama traficantes de vítimas

Jefferson Lemos
Declaração de Lula feita durante entrevista em Jacarta, na Indonésia, de que “traficantes são vítimas dos usuários de drogas”, provocou uma onda de indignação (Reprodução)

A declaração do presidente Lula (PT), feita durante entrevista em Jacarta, na Indonésia, de que “traficantes são vítimas dos usuários de drogas”, provocou uma onda de indignação entre políticos da oposição no Rio de Janeiro. A fala, que Lula foi duramente criticada por parlamentares que acusam o presidente de promover uma inversão moral e ignorar o sofrimento das vítimas da violência causada pelo tráfico.

O deputado estadual Douglas Gomes (PL) foi um dos mais contundentes:
“Antes, eu pensava que o Lula só defendia traficante por convicção ideológica. Uma espécie de ‘solidariedade revolucionária’, vai saber. Mas agora a coisa parece ter passado do limite do ridículo para o campo clínico. Já não dá pra saber se é estratégia política ou surto. É revoltante ver um país inteiro refém de declarações que desafiam a lógica e o bom senso. O Congresso precisa parar de fingir normalidade e, no mínimo, avaliar as condições mentais do presidente.”

O deputado estadual Rodrigo Amorim (União) também reagiu com dureza:

“Num período de 24h, o presidente da República chama os traficantes de drogas homicidas de ‘vítimas’, enquanto um senador [Flávio Bolsonaro (PL-RJ)] defende que o governo americano faça ações energéticas contra narcoterroristas tal e qual são feitas na Venezuela. Adivinha qual dos dois a extrema imprensa está criticando.”

A deputada estadual Índia Armelau (PL) foi outra que criticou a fala do presidente:

“Não sabemos quantas pessoas morrem no Brasil por conta das drogas, por overdose, porque não há fontes sobre isso. Porque nunca foi o objetivo desse governo resolver esse problema, para eles é bom, quanto mais você é dependente de qualquer coisa, para esse governo é bom. Tem que estar muito chapado para concordar com uma fala que o traficante é vítima do usuário”, criticou a deputada Índia Armelau (PL). “Eu só quero ver agora algum artista que faz o L defender ou falar algo. Eu quero ver porque, como ele diz, as ações valem mais que mil palavras”, completou.

O vereador carioca Poubel (PL) também se manifestou:

“Mais uma vez temos que lidar com falas vergonhosas do Lula. Essa declaração só demonstra o real olhar que o atual governo tem com a segurança pública do Brasil. Enquanto isso, famílias são destruídas, adolescentes perdidos para o tráfico e a sensação de insegurança cresce na vida do cidadão de bem, que são as verdadeiras vítimas.”

Nas redes sociais, o vereador Rafael Satiê (PL), ao lado do deputado federal Hélio Lopes (PL, gravou um vídeo em que lamenta a fala presidencial:

“É inadmissível ouvir isso. O presidente está dizendo que os traficantes são vítimas dos usuários de drogas. Quantas famílias foram destruídas por causa das drogas! Eu perdi um familiar, o senhor também. Toma vergonha, Lula. Todo mundo sabe que drogas matam. Inaceitável culpar os usuários e vitimizar os traficantes. Drogas matam, e Jesus salva.”

Já o vereador Rogério Amorim (PL), líder do partido na Câmara do Rio, relembrou o caso de Sther Barroso, jovem assassinada em agosto por se recusar a namorar um traficante:

“Sabe quem o presidente atual chama de vítima? Os assassinos de Sther. Alguém ainda tem dúvidas de qual é o projeto petista?”

A repercussão negativa levou o Palácio do Planalto a tentar conter os danos. Em publicação nas redes sociais, Lula afirmou que sua frase foi mal interpretada e que seu governo tem atuado com firmeza contra o crime organizado. Mas a tentativa de recuo não convenceu a população indignada — muito menos a oposição.

A fala reacende o debate sobre a resistência da esquerda em endurecer o combate ao crime. A crítica à chamada bandidolatria — a suposta romantização de criminosos por setores progressistas — voltou ao centro das discussões, especialmente no Rio de Janeiro, onde o tráfico de drogas é uma das principais causas da violência urbana.

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Jefferson Lemos é jornalista e, antes de atuar no site Coisas da Política, trabalhou em veículos como O Fluminense, O Globo e O São Gonçalo. Contato: jeffersonlemos@coisasdapolitica.com.br
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