Metade dos bandidos neutralizados em operação no RJ veio de outros estados atraídos pela ADPF das Favelas

Jefferson Lemos

A megaoperação policial realizada nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, escancarou uma realidade alarmante: dos 109 bandidos mortos já identificados, 54 vieram de outros estados. A presença maciça de criminosos de fora reforça uma tese que vem ganhando força entre autoridades de segurança: a ADPF das Favelas, que restringiu ações policiais em comunidades, havia transformado o Rio em um refúgio estratégico para bandidos de todo o país.

Entre os 54 que vieram de outros estados e foram mortos, são oriundos do Pará (15), Amazonas (9), Bahia (11), Ceará (4), Goiás (7), Espírito Santo (4), Mato Grosso (1), São Paulo (1) e Paraíba (2)
Alguns deles são líderes do Comando Vermelho em outros estados:

– Chico Rato e Gringo (AM)
– DG, FB e Mazola (BA)
– Fernando Henrique dos Santos e Rodinha (GO)
– PP (PA)
– Russo (ES)

Além dos mortos, 113 pessoas foram presas — 33 delas também de fora do estado. Segundo o secretário de Polícia Civil, os complexos da Penha e do Alemão se consolidaram como o quartel-general nacional do Comando Vermelho (CV). Lá, criminosos recebem treinamento armado e retornam aos seus estados de origem para expandir a facção. “É o centro de decisão da organização criminosa em nível nacional”, afirmou o secretário delegado Marcus Curi.

Perfil dos mortos e presos

A operação, considerada a maior e bem-sucedida da história do estado deixou 117 suspeitos mortos. Entre os 109 identificados:

– 78 tinham histórico criminal grave, incluindo homicídio e tráfico de drogas
– 43 eram foragidos da Justiça
– 26 tinham antecedentes criminais
– 3 tinham registros infracionais como menores
– apenas 7 não tinham ficha criminal, mas atuavam em redes sociais ligadas ao tráfico

Objetivo da operação A ofensiva, que mobilizou 2.500 agentes das polícias Civil e Militar, tinha como meta desarticular o Comando Vermelho e cumprir cerca de 100 mandados de prisão e 150 de busca e apreensão.

O principal alvo, Edgar Alves de Andrade, o Doca — considerado o maior chefe do CV em liberdade — conseguiu escapar. Segundo o secretário de Segurança Pública, Victor Santos, ele usou “soldados” do tráfico como escudo humano para fugir, num ato de covardia. O Disque Denúncia oferece R$ 100 mil por informações que levem à sua captura.

Reação do governo

O governador Cláudio Castro se manifestou nas redes sociais: “Nosso trabalho é livrar a sociedade do tráfico, da milícia, de todo aquele que prejudica o nosso direito de ir e vir. Continuaremos atuando com técnica e respeito à lei”.

Balanço da operação

– 117 mortos (54 de outros estados)
– 113 presos (33 de outros estados)
– 10 menores infratores apreendidos
– 91 fuzis, 26 pistolas e 1 revólver apreendidos
– 1 tonelada de drogas confiscada

 

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Jefferson Lemos é jornalista e, antes de atuar no site Coisas da Política, trabalhou em veículos como O Fluminense, O Globo e O São Gonçalo. Contato: jeffersonlemos@coisasdapolitica.com.br
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