Relator barra proposta do governo Lula que pode frear endurecimento penal

Jefferson Lemos
Governo quer ampliar os poderes do Conselho Nacional de Segurança Pública e, com isso, cria espaço para frear o avanço do endurecimento da legislação penal (Divulgação/Palácio Guanabara)

A tentativa do governo de ampliar os poderes do Conselho Nacional de Segurança Pública e, com isso, criar espaço para frear o avanço do endurecimento da legislação penal, foi barrada pelo relator da PEC da Segurança Pública (18/2025), deputado Mendonça Filho (União-PE). O parlamentar anunciou que o conselho seguirá com caráter exclusivamente consultivo, preservando a autonomia do Congresso e dos estados na definição das políticas de segurança.

Resistência à centralização

Na proposta original, o Executivo queria transformar o conselho em instância deliberativa, com representantes de estados e da sociedade civil, participando diretamente da elaboração do Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa Social. Para Mendonça Filho, isso equivaleria a criar um “parlamento paralelo, sem voto e sem representatividade”, capaz de usurpar prerrogativas do Legislativo.

“Todo órgão do Executivo tem um conselho para chamar de seu e para se imiscuir na atividade do Poder Legislativo. Isso não passa em hipótese alguma”, afirmou o relator.

Ele defende que o conselho seja apenas consultivo, com composição paritária e participação de estados e operadores da segurança pública, sem comprometer a autonomia parlamentar.

Governadores pressionam

Em audiências recentes, governadores como Cláudio Castro (PL-RJ) e Clécio Luís (Solidariedade-AP) reforçaram críticas ao modelo proposto pelo governo. Castro alertou para a sobreposição de atribuições entre polícias e defendeu compensações financeiras da União aos estados. Também relacionou o fortalecimento das facções criminosas no Rio às decisões do STF que limitaram operações policiais.

Próximos passos

O parecer de Mendonça Filho deve ser apresentado em dezembro, após consultas com governadores e especialistas. A expectativa é que o relatório preserve o caráter consultivo do conselho e reafirme o protagonismo do Congresso na definição da política de segurança pública, evitando que o Executivo utilize o órgão como instrumento para conter o avanço de medidas mais duras na legislação penal.

 

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Jefferson Lemos é jornalista e, antes de atuar no site Coisas da Política, trabalhou em veículos como O Fluminense, O Globo e O São Gonçalo. Contato: jeffersonlemos@coisasdapolitica.com.br
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