Eduardo Paes (PSD) parece ter abandonado de vez a expectativa de ter o apoio da direita em 2026 na corrida ao governo do Estado do Rio. O prefeito carioca deixou claro no fórum empresarial do grupo Esfera que deixou de lado as articulações com os conservadores ao se posicionar ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – e contra o governador Cláudio Castro (PL). A escolha delimita seu espaço na corrida eleitoral de 2026 e praticamente encerra sua tentativa de se vender como candidato de centro. O movimento pode pesar contra sua campanha ao governo do estado, sobretudo diante da força crescente de Castro.
Críticas a Castro e defesa de Lula
No evento, Paes classificou como “absolutamente ridículo” o que chamou de jogo de empurra do governador em relação à responsabilidade pela segurança pública.
“Se a segurança vai mal, a culpa é do governador. O governo federal e as prefeituras podem ajudar, mas o controle é dos estados. Esse jogo de empurrar tem que acabar”, disse.
Em seguida, defendeu Lula e questionou a lógica de responsabilizar o presidente pela violência no Rio:
“Por que só aqui a culpa é dele? Ele não tem responsabilidade pelos bons números de Santa Catarina? A Polícia Federal que atua lá não é a mesma que atua aqui?”
Castro fortalecido pela Operação Contenção
Enquanto Paes reforça sua aliança com Lula e põe em risco sua jornada rumo ao Palácio Guanabara, Castro colhe dividendos do endurecimento do combate ao crime. A Operação Contenção — considerada a mais bem-sucedida da história do estado, com mais de 100 criminosos mortos nos complexos da Penha e do Alemão, teve apoio massivo da população, assim como a Operação Barricada Zero, desencadeada logo em seguida para recuperar território.
A ofensiva contra o crime ampliou a aprovação de Castro e consolidou sua imagem como líder na área de segurança. O candidato que receber seu apoio tende a herdar parte desse capital político, dificultando a trajetória de Paes rumo ao Palácio Guanabara.
Conservadorismo em alta
Além disso, pesquisas recentes mostram que o Rio mantém perfil conservador. Nesse cenário, o discurso de Paes em defesa de Lula pode ser visto como afastamento do eleitorado que valoriza políticas duras contra o crime e rejeita pautas progressistas como desencarceramento.
Ao reforçar sua aliança com Lula, Paes assume posição clara no espectro político e abre mão da narrativa de centro-direita. Com Castro fortalecido e um eleitorado majoritariamente conservador, o prefeito enfrenta um desafio extra. A disputa pelo governo do Rio em 2026 promete ser marcada por esse embate: Paes tentando consolidar sua candidatura contra Castro e aliados que capitalizam o discurso de segurança e ordem.
