Profissionais da Educação da rede municipal de Niterói decidiram entrar em greve a partir da próxima segunda (10), em repúdio ao que chamam de “Pacote de Maldades” lançado pelo prefeito Rodrigo Neves (PDT), que reduziu de dois para um o número de professores nas turmas de 4 e 5 anos da Educação Infantil. Além disso, os servidores reclamam que o prefeito aumentou o número de crianças nas turmas de 1 e 2 anos gerando superlotação. Como se não bastasse, a categoria acusa Rodrigo Neves de não garantir a valorização salarial professores e ex-agentes de Educação Infantil.
O “Pacote da Maldades”, segundo o vereador Daniel Marques (PL), seria uma tentativa do prefeito tentar minimizar o problema crônico de falta de vagas nas unidades de educação infantil que ocorre todo ano, apesar do orçamento bilionário da prefeitura em função dos royalties do petróleo. “Até o ano passado, as turmas de 4 e 5 anos nas creches públicas tinham dois professores em sala. Agora, será apenas um. Como garantir qualidade, cuidado e atenção para tantas crianças ao mesmo tempo?”, questiona o vereador.
As medidas de Rodrigo Neves repercutiram também na Alerj. O deputado estadual Renan Jordy (PL) criticou o chamado “Pacote de Maldades”. “Em pouco mais de um mês o prefeito de Niterói, Rodriguinho 3.0, que voltou à cena do crime, encara a primeira greve dos professores da rede de ensino fundamental da cidade de Niterói. Isso porque o cara, quando faz campanha, ele conta uma coisa, ele é filho do rei da mentira. Fala que vai valorizar, fala que vai dar atenção, que vai dobrar a capacidade de atendimento da rede de ensino, mas na hora que assume o que ele dá é um tchau para todos os professores ao que se refere ao aumento salarial, ao que se refere ao aumento da capacidade de trabalho, e o que fica é a ineficiência e a incapacidade de atender de forma plena a população de Niterói”.
No caso da EJA (Educação de Jovesn e Adultos), também afetada pelo pacote de medidas, os professores alegam que o governo pretende substituir profissionais efetivos por duplas regências sem lotação fixa, o que enfraquece o ensino para adultos. Os educadores denunciam a realocação repentina para escolas diurnas, sem tempo para reorganizar suas vidas.
A prefeitura argumenta que as mudanças seguem as diretrizes do Conselho Nacional de Educação (CNE) – homologadas pelo governo Lula – e alega que a rede municipal tem a maior proporção de professores por aluno no estado, o que não explica milhares de crianças fora das creches e salas de aula todos os anos.
A paralisação foi definida em assembleia extraordinária realizada pelo Sepe-Niterói no último dia 28 de janeiro, de forma virtual, após passeatas e manifestações. Para o sindicato dos profissionais da Educação, Rodrigo Neves implementou medidas que pioram, e muito, as condições de ensino e trabalho nas escolas: “Os culpados pela Greve dos Profissionais da Educação de Niterói são Rodrigo Neves e Bira Marques [secretário de Educação]! Não aceitaremos retrocessos! Não aceitaremos que diminuam o número de professoras nas turmas da Educação Infantil e que aumentem o número de crianças por turma. EDUCAÇÃO INFANTIL NÃO É DEPÓSITO!”.
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