Mais do que um simples caso de mimimi, a polêmica envolvendo Paulo Barros, atual carnavalesco da escola de samba Unidos de Vila Isabel, serviu para mostrar que a maior festa democrática do país está se transformando em um evento onde quem pensa diferente é cancelado. É a famosa democracia do pensamento único, que não permite discordância, velha conhecida da política e abraçada por boa parte da ala progressista. A agenda woke, quem diria, invadiu a avenida e atravessou o samba.
O carnavalesco foi alvo de ataques na internet após criticar a predominância de enredos com temáticas africanas nas agremiações cariocas para 2025, sob a alegação que tornam-se repetitivos e que 90% do público não entende. Das 12 agremiações apenas a Vila Isabel, a Mocidade e a Portela optaram por enredos fora desse contexto.
As declarações de Paulo Barros despertaram a ira de artistas e personalidades do samba, que vieram a público para condená-lo, inclusive com xingamentos e acusações de racismo. Cá para nós, se nem um carnavalesco quatro vezes campeão pode emitir sua opinião, alguma coisa errada não está certa.
A repercussão obrigou Paulo Barros a gravar um vídeo, onde defendeu a liberdade de expressão. “Eu tenho o direito de pensar dessa forma. O direito é meu. As pessoas falam: ‘nós estamos numa democracia’. Esse é o meu pensamento, sinto muito. Tem umas pessoas que concordam e umas que não concordam. Tem que respeitar a opinião de cada um, e eu respeito”, afirmou Barros.
Para quem não lembra, em 1998 Chico Buarque cantou “Vai passar nessa avenida um samba popular” no início no desfile da Mangueira, que se tornou campeã com um enredo sobre democracia e que homenageou o artista. Se fosse hoje, pelo visto nem ele passaria.
- Imagem/Divulgação/Vila Isabel