Enquanto a cidade do Rio vive inúmeros problemas, o prefeito Eduardo Paes (PSD) resolveu mirar em outro “inimigo”: quem trabalha nas areias do Rio. Com um decreto publicado às pressas na última sexta (16), o prefeito mandou arrancar bandeiras, apagar nomes de barracas, calar os alto-falantes e vetar até garrafas de vidro em quiosques e barracas — sob pena de cassação de licença.
A ordem chegou com truculência. Fiscais da Prefeitura, acompanhados da Guarda Municipal, passaram a fazer rondas na orla de forma intensiva, exigindo a retirada de faixas e símbolos — até bandeiras do Brasil foram recolhidas.
Barraqueiros foram obrigados a retirar placas com nomes históricos e até a silenciar caixas de som usados há anos para atrair clientes. “Isso é um tapa na cara dos trabalhadores”, protestou um comerciante durante manifestação na Câmara Municipal nesta semana.
Músicos também sentiram o golpe. Leonardo Bessa, que se apresenta no Samba Social Clube, criticou o prejuízo causado pela antecipação do decreto: artistas ficarão mais de uma semana sem trabalhar, afetando diretamente a renda de quem vive da música na orla.
Pelo texto da Prefeitura, as novas regras visam “padronizar” os espaços públicos e “coibir excessos”. Mas para quem vive do comércio nas praias, a medida soa como autoritária e desconectada da realidade.
Em ano pré-eleitoral, Paes parece trocar o abadá pelo coturno. Depois de se promover com shows milionários de divas pop e posar de “rei dos gays”, o prefeito agora tenta vestir a fantasia de xerife. Só que, por enquanto, o alvo tem sido quem vive do suor nas praias cariocas.