O site COISAS DA POLÍTICA dá início nesta terça (10) a uma série de entrevistas com os prefeitos campeões, que se destacaram de alguma forma nas eleições e que assumirão o Executivo de suas cidades. Reeleito em São Gonçalo com uma vitória esmagadora nas urnas, Capitão Nelson (PL) estreia o nosso bate-papo. As entrevistas da série serão publicadas em EDIÇÃO ESPECIAL da REVISTA COISAS DA POLÍTICA.
- Nome completo: Nelson Ruas dos Santos
- Naturalidade: Rio de Janeiro (RJ)
- Formação: Ensino Médio/Policial Militar
- Partido: PL
Ainda há muito o que fazer pela cidade
Policial militar, Capitão Nelson foi vereador em São Gonçalo e deputado estadual, antes de ser prefeito. Reeleito com 84,49% dos votos (387.914), teve o trabalho de seu primeiro mandato reconhecido com folga nas urnas. O segredo do sucesso, conta, não tem mistério: “Não há mágica em nossa gestão, apenas muito trabalho e a humildade de ouvir o povo”, afirma.
O resultado expressivo do pleito calou adversários que atribuíram sua reeleição à privatização da Cedae, que injetou recursos nos cofres públicos da prefeitura. Afinal, gestores de cidades vizinhas e com orçamentos bilionários de royalties do petróleo não chegaram nem perto do seu desempenho nas urnas.
Para este novo mandato, Capitão Nelson diz que valerá a receita que deu certo. Ele promete repetir o que fez no primeiro: acordar cedo, vistoriar obras e acompanhar o atendimento à população. Simples assim.
“Pegamos uma cidade destroçada, com problemas sérios em todas as áreas e a primeira coisa que determinei foi um planejamento que fosse capaz de atender a todos os setores, em especial a Saúde”, lembra o prefeito reeleito, depois de colocar ordem na casa.
A mudança promovida por Capitão Nelson na cidade foi impactante. Mudou a cara de São Gonçalo, como que da água para o vinho. “Como eu afirmei, pegamos uma cidade devastada, terra arrasada, que dava vergonha ao gonçalense”, lembrou.
O prefeito admite que ainda há muito a fazer, mas adianta que está com vários projetos prestes a serem executados. “Agora, no início de 2025, iremos licitar as obras para o projeto de Requalificação Urbana e Mobilidade Ativa de Alcântara”.
Também estão em fase final os trâmites junto à Caixa Econômica Federal para a construção de mais quatro empreendimentos pelo Programa Minha Casa Minha Vidal, no Colubandê, Água Mineral, Pacheco e Santa Luzia.
“Nossa prioridade será a obtenção de mais recursos dos governos estadual e federal, para podermos executar projetos importantes para a população, em diversas áreas”, explica o alcaide.
Ao contrário de outros gestores que colocam a culpa na mudança climática, Capitão Nelson tem a coragem de admitir, porém, que ainda há muitos desafios e que alagamentos são inevitáveis em alguns casos de chuva forte, apesar do incansável trabalho que foi realizado nos quatro anos de seu primeiro mandato.
“Importante lembrar que boa parte da cidade é cortada por rios e que a ocupação desordenada agravou a situação das enchentes”, explicou. Confira a seguir:
COISAS DA POLÍTICA – Para começar a entrevista, uma pergunta simples e direta. Qual será sua primeira ação deste segundo mandato?
CAPITÃO NELSON – Seguir trabalhando. Acordar cedo, vistoriar obras, acompanhar o atendimento à população em nossos equipamentos, em especial os de Saúde e Assistência, e cobrar nossos secretários para que continuem servindo com zelo todos os gonçalenses. Não há mágica em nossa gestão, apenas muito trabalho e a humildade de ouvir o povo para saber o que está faltando e trabalhar com afinco para atender as demandas.
COISAS DA POLÍTICA – Muito se fala atualmente nas mudanças climáticas e se usa isso como desculpa, mas é fato que não é de hoje que as cidades sofrem com as consequências das chuvas. São Gonçalo está preparada para 2025 neste quesito?
CAPITÃO NELSON – Os alagamentos são inevitáveis em alguns casos, devido ao volume de água, mas o escoamento em vários pontos da cidade tem sido rápido também. Desde o primeiro dia do meu governo, estamos nas ruas com equipes, diariamente, trabalhando na limpeza de bueiros, valões, córregos e na recuperação de redes de águas pluviais. Importante lembrar que boa parte da cidade é cortada por rios e que a ocupação desordenada agravou a situação das enchentes. Há construções irregulares sobre o leito de rios, isso em vários pontos, sem falar que vários bairros estão abaixo do nível do mar. Tudo isso contribui para os alagamentos. Ao longo destes quatro anos, realizamos várias obras importantes de infraestrutura, construindo redes de drenagem em bairros inteiros, para minimizar o impacto das chuvas. E recorremos ao governo do Estado, através da Secretaria de Meio Ambiente, para que o INEA enviasse equipes do Limpa Rio para desassorear os rios que cortam São Gonçalo. E isso está sendo feito.
COISAS DA POLÍTICA – Em seu plano de governo o senhor diz que quase tudo o que foi planejado saiu do papel. O que ficou faltando e por que motivo?
CAPITÃO NELSON – No início de meu governo, ficou evidente a necessidade de planejarmos nossas ações para uma utilização assertiva dos recursos oriundos do leilão de concessão da Cedae. Pegamos uma cidade destroçada, com problemas sérios em todas as áreas e a primeira coisa que determinei foi um planejamento que fosse capaz de atender a todos os setores, em especial a Saúde. E assim foi feito, com o Plano Estratégico Novos Rumos, onde fixamos metas a serem cumpridas e, com muito trabalho e dedicação, conseguimos atingir praticamente todas. Hoje, está em andamento a construção do novo hospital municipal. Duas metas – o pólo industrial de Guaxindiba e o fortalecimento do mercado de moda – ainda estão em estudos, pois demandam análises de viabilidade econômica e ambiental, que só poderiam ser executadas depois que conseguíssemos avançar na melhoria da cidade como um todo, através das obras de infraestrutura e criação de um ambiente favorável de negócios.
CAPITÃO NELSON – Também em seu plano de governo há repetidas vezes as palavras continuar, ampliar, expandir. Algo esperado devido ao reconhecido sucesso de sua gestão, refletido com folga nas urnas. Mas há também alguma proposta inovadora e de impacto que mereça destaque? Algo que vá partir do zero?
CAPITÃO NELSON – Temos vários projetos prestes a serem executados. Agora no início de 2025, iremos licitar as obras para o projeto de Requalificação Urbana e Mobilidade Ativa de Alcântara, que irá garantir melhorias para os espaços públicos da área central do bairro, que é um importante polo comercial metropolitano. O projeto vai privilegiar o pedestre e seus deslocamentos, melhorando a acessibilidade nas vias e interligando os terminais rodoviários no Pátio Alcântara e o novo terminal do MUVI. Serão executadas obras de drenagem, pavimentação, sinalização, paisagismo e iluminação pública em 13 vias, o que irá melhorar consideravelmente aquele importante centro comercial.
Outro importante projeto que irá beneficiar os gonçalenses está ligado à aquisição da casa própria. Já estamos com trâmites em finalização junto à Caixa Econômica Federal para a construção de mais quatro empreendimentos pelo Programa Minha Casa Minha Vida, para o atendimento de famílias do segmento faixa 1, correspondentes à faixa de menor renda, segundo os critérios do Programa do Governo Federal. Serão 648 unidades habitacionais que entrarão em construção, no Colubandê, Água Mineral, Pacheco e Santa Luzia, fora as 800 que serão entregues nos empreendimentos Cidade Verde I, III e IV, no Anaia.
Também estamos licitando a reforma completa da Praça Leonor Corrêa, na Trindade, e iremos entregar em 2025 várias obras em andamento, entre elas a revitalização da Praia das Pedrinhas. Também daremos início à construção do novo Centro de Referência Municipal ao Autista, no Alcântara.
COISAS DA POLÍTICA – Adversários políticos atribuíram sua vitória à privatização da Cedae, que injetou recursos nos cofres públicos da prefeitura. Ao mesmo tempo, gestores de municípios vizinhos com orçamentos bilionários de royalties do petróleo não chegaram nem perto do seu desempenho nas urnas. A que o senhor atribui o sucesso de sua administração?
CAPITÃO NELSON – Um trabalho sério, com muito planejamento e cuidado na execução de obras importantes para a população. Criamos uma secretaria exclusiva para a produção de projetos e captação de recursos para que pudéssemos tirar importantes obras do papel. A Secretaria de Gestão Integrada e Projetos Especiais (Semgipe) captou quase R$ 2 bilhões de recursos junto aos governos estadual e federal, além do que foi repassado pela Cedae, em obras que já foram entregues ou estão em andamento. Nossas realizações não vieram apenas dos recursos da Cedae, fomos além na obtenção de verbas importantes para melhorarmos a cidade. E vamos continuar em busca destes recursos para dar prosseguimento aos projetos.
COISAS DA POLÍTICA – Por falar em royalties do petróleo, como anda a disputa com as cidades vizinhas por uma fatia do bolo? O senhor jogou a toalha ou continua na briga pelos repasses? Afinal, trata-se de uma batalha jurídica ou política? Qual será seu próximo passo?
CAPITÃO NELSON – Não jogaremos a toalha, pois estamos convictos de nossos direitos. A distribuição dos royalties é desigual e temos embasamento técnico que nos dá a certeza de vitória. O processo jurídico segue nos tribunais, não houve julgamento do mérito, e não iremos desistir do que é direito do gonçalense.
COISAS DA POLÍTICA – O Parque Industrial de São Gonçalo, em meados do século passado, foi considerado um dos mais importantes centros industriais do Estado. Tanto que a cidade na época era conhecida como a Manchester Fluminense. Ainda há essa vocação para indústria ou é melhor apostar em outro setor?
CAPITÃO NELSON – Antes de conseguir atrair novos investimentos, precisávamos arrumar a casa. E isso está sendo feito. Como eu afirmei, pegamos uma cidade devastada, terra arrasada, que dava vergonha ao gonçalense. Quem vem a São Gonçalo hoje sabe o quanto a cidade avançou nestes quatro anos. Está mais organizada, bonita, com uma expectativa certa de novas melhorias, diante do grande número de obras em andamento. E nós já conseguimos, sim, atrair novas empresas, como o grupo Assaí, que abriu várias lojas na cidade, e o grupo Atacadão. Agora, é seguir trabalhando e conseguir viabilizar o polo industrial e outras iniciativas que beneficiem a iniciativa privada e os empreendedores.
COISAS DA POLÍTICA – Na sua opinião, qual é o maior problema que São Gonçalo enfrenta hoje? E qual será a prioridade de sua nova gestão?
CAPITÃO NELSON – Nossa prioridade será a obtenção de mais recursos dos governos estadual e federal, para podermos executar projetos importantes para a população, em diversas áreas. Hoje, a grande maioria da população depende exclusivamente da rede pública de saúde, por exemplo, e precisamos ampliar a oferta de serviços, ainda que já tenhamos avançado muito nesta área. Hoje, temos orgulho da entrega de um centro de imagens moderno e o Hospital do Câncer e do Coração, que realiza cirurgias de alta complexidade. Mas é preciso mais: a saúde é uma área que está sempre demandando nossa atenção e iremos seguir buscando parcerias para melhorar cada vez mais o atendimento em nossa rede municipal.
COISAS DA POLÍTICA – Que mensagem o senhor deixa para a população de São Gonçalo? O que ela pode esperar de seu novo governo?
CAPITÃO NELSON – Primeiro, gostaria de agradecer, mais uma vez, a confiança depositada em mim nas urnas. Posso garantir a cada gonçalense que seguirei trabalhando com afinco, e exigindo esta mesma postura de meus secretários e demais servidores, a fim de que todos sejam atendidos naquilo que é nossa responsabilidade. E também buscaremos formas de atuar indiretamente nas demais questões, como a segurança pública, auxiliando os governos e trabalhando de forma integrada para que nossa cidade fique cada vez melhor.