Leonardo Vasconcellos: ‘Há fortes indícios de má gestão em Teresópolis’

Jefferson Lemos

Dando sequência à série de entrevistas exclusivas com os prefeitos campeões nas urnas, que se destacaram de alguma forma nas eleições e que assumirão o Executivo de suas cidades, o site COISAS DA POLÍTICA traz nesta quinta (19) um bate-papo com Leonardo Vasconcellos (União), eleito em Teresópolis. As entrevistas da série serão publicadas em EDIÇÃO ESPECIAL da REVISTA COISAS DA POLÍTICA.

  • Nome Completo: José Leonardo Vasconcellos de Andrade
  • Formação: Superior Completo
  • Naturalidade: Teresópolis (RJ)
  • Partio: União

‘A verdade é que Teresópolis perdeu tempo demais tentando reinventar a roda’

Eleito prefeito de Teresópolis com 25.186 votos, o comerciante Leonardo Vasconcellos (União) assumirá o mandato prometendo mudar a realidade da cidade, apostando em setores econômicos cruciais. “Teresópolis perdeu tempo demais tentando ‘reinventar a roda’, enquanto temos aqui setores econômicos poderosos, como o turismo e a agricultura, que foram sistematicamente ignorados pelo poder público”.

Leonardo Vasconcellos alega que a tarefa não será fácil. Ele disse que com o que observou até o momento durante o período de transição, há fortes indícios de má gestão. “O aumento expressivo no custo da máquina pública é preocupante, assim como a falta de eficiência em diversos processos burocráticos da administração municipal”, destacou.

Sem querer perder tempo, já na primeira hora após a posse, em 1º de janeiro, o prefeito eleito adiantou que anunciará um pacote de medidas. As ações incluem a revisão da política de aumento do IPTU implementada pela atual gestão, uma promessa de sua campanha, e medidas imediatas de reorganização da Prefeitura, fundamentadas nos relatórios detalhados entregues pela equipe de transição. “Também daremos início a projetos prioritários, como a primeira fase do plano de mobilidade urbana, que começará a ser implementada já no primeiro dia do nosso governo”, afirmou.

O prefeito eleito também disse que tomará medidas emergenciais contra as fortes chuvas que costumam assolar a cidade, mas reconhece que não tem como garantir que não há riscos de novas tragédias climáticas. “O risco existe e sempre existirá, em maior ou menor escala. A questão central é o que faremos para mitigá-lo”, afirmou, alertando para a grave falta de estrutura e recursos para investimentos em prevenção, o que segundo ele torna urgente um verdadeiro choque de ordem na pasta da Defesa Civil.

Para o seu governo, Leonardo Vasconcellos promete levar sua experiência como vereador e presidente da Câmara Municipal “Será fundamental para que possamos estabelecer uma relação de harmonia verdadeira entre os poderes, pautada pelo respeito mútuo e pelo compromisso com o desenvolvimento da nossa cidade”. Confira a seguir:

COISAS DA POLÍTICA – O senhor deixa a presidência da Câmara Municipal para assumir a cadeira de prefeito no dia 1º de janeiro de 2025. Como é a sensação de passar para o outro lado da mesa de negociações?

LEONARDO VASCONCELLOS – Assumir a cadeira de prefeito representa uma grande oportunidade de consolidar uma união que há muito tempo Teresópolis precisa e merece. A experiência adquirida como vereador, e especialmente como presidente da Câmara Municipal, será fundamental para que possamos estabelecer uma relação de harmonia verdadeira entre os poderes, pautada pelo respeito mútuo e pelo compromisso com o desenvolvimento da nossa cidade. Ao olhar para o futuro, agora sob a perspectiva do poder executivo, sinto um otimismo renovado e a convicção de que alcançaremos juntos os objetivos que Teresópolis tanto almeja.

COISAS DA POLÍTICA – Qual será sua primeira medida ao assumir o governo de Teresópolis?

LEONARDO VASCONCELLOS – Na verdade, será um conjunto de medidas estratégicas que serão anunciadas já na primeira hora após a posse, em 1º de janeiro. Essas ações incluem, primeiramente, o cumprimento de compromissos assumidos durante a campanha, como a revisão da política de aumento do IPTU implementada pela atual gestão. Além disso, tomaremos medidas imediatas de reorganização da Prefeitura, fundamentadas nos relatórios detalhados entregues pela equipe de transição. Também daremos início a projetos prioritários, como a primeira fase do plano de mobilidade urbana, que começará a ser implementada já no primeiro dia do nosso governo.

COISAS DA POLÍTICA – No início do ano, o secretário de Defesa Civil da cidade, coronel Alberta Andrade, disse que a falta de recursos para investimento em prevenção e a resistência de pessoas a deixarem suas casas em áreas de risco atrapalham a prevenção. Há risco de novas tragédias como a que abalaram a cidade em 2011. O que o senhor pretende fazer a respeito?

LEONARDO VASCONCELLOS – Em primeiro lugar, é preciso ser honesto: nunca poderemos afirmar que não há riscos de novas tragédias climáticas em nossa região. O risco existe e sempre existirá, em maior ou menor escala. A questão central é o que faremos para mitigá-lo, e isso passa pela construção de um planejamento sólido, abrangente e contínuo.
A declaração do secretário apenas reforça o que a nossa equipe de transição já identificou: há uma carência grave de estrutura e recursos para investimentos em prevenção, o que torna urgente um verdadeiro choque de ordem na pasta da Defesa Civil.
Sobre a prevenção, acredito que já passou da hora de o país discutir o tema com a urgência necessária. Os municípios são peças fundamentais nesse processo, mas sozinhos dificilmente conseguirão realizar todos os investimentos em infraestrutura que poderiam reduzir os riscos de tragédias a níveis próximos de zero.
O que posso assegurar é que Teresópolis fará a sua parte. A equipe que comandará a Defesa Civil já está formada e trabalha sob duas determinações claras: a primeira, garantir um plano de emergência eficiente e pronto para ser colocado em prática imediatamente em caso de qualquer evento climático nos primeiros dias de 2025. A segunda, elaborar as bases para um grande plano de prevenção de tragédias, que envolva uma atuação articulada entre o município, o Governo do Estado e a União. Não vamos medir esforços para proteger vidas e trazer segurança para nossa população.

COISAS DA POLÍTICA – Quanto à falta de recursos, há alguma ideia para atrair investimentos, movimentar a economia e aumentar a arrecadação do município?

LEONARDO VASCONCELOS – Tenho orgulho em afirmar que construímos o mais completo Plano de Governo da história de Teresópolis. Esse plano nasceu das consultas populares que realizamos, o que o torna um documento genuíno, que reflete os anseios da população e, acima de tudo, propõe soluções alinhadas com as verdadeiras vocações do nosso município, respeitando a nossa realidade.
Um dos principais pontos do plano é o impulsionamento da indústria do turismo, um setor estratégico para a economia local, que será fortalecido através de uma atuação mais proativa do Poder Público, com investimentos em projetos, infraestrutura e ações concretas para atrair visitantes e eventos. Além disso, vamos investir na agricultura, que já é uma potência em nosso setor primário, mas que precisa de estímulo e fomento para diversificação e para a criação de polos agroindustriais.
A verdade é que Teresópolis perdeu tempo demais tentando ‘reinventar a roda’, enquanto temos aqui setores econômicos poderosos, como o turismo e a agricultura, que foram sistematicamente ignorados pelo poder público. Vamos mudar essa realidade, apostando em investimentos que potencializem essas vocações e tragam desenvolvimento econômico, geração de empregos e aumento da arrecadação, sem sobrecarregar o contribuinte.”

COISAS DA POLÍTICA – Recentemente o senhor esteve no Ministério da Saúde endossando o pedido à ministra Nísia Trindade, de ajuda para a construção do hospital municipal em Teresópolis. Como foi a recepção e que outros projetos levou à Brasília?

LEONARDO VASCONCELLOS – Posso afirmar com segurança que a recepção no Ministério da Saúde foi a melhor possível. Embora eu já transite na política há muitos anos, ainda me impressiona o carinho e o respeito que Teresópolis desperta. Percebo que a notícia de que novos tempos estão chegando à cidade tem se espalhado, e isso tem se refletido na forma positiva como temos sido recebidos.
Desde a eleição, estive em Brasília em duas oportunidades, e, naturalmente, a prioridade foi o projeto do hospital municipal, um compromisso inegociável com a população de Teresópolis. Porém, conseguimos avançar também em outras frentes importantes. Ampliamos a parceria com o Instituto Federal, que agora oferecerá cursos alinhados às vocações econômicas do município, especialmente turismo e agricultura, além de capacitar profissionais do Programa Operação Trabalho (POT).
Além disso, garantimos emendas para o nosso projeto de ampliação do esporte, que propõe levar atividades físicas supervisionadas às praças da cidade, e asseguramos recursos para a aquisição de maquinário destinado à manutenção das estradas rurais, algo essencial para o interior do município.
No total, foram mais de 20 pautas discutidas com ministros, deputados e senadores, todas pensadas para trazer benefícios concretos e imediatos para Teresópolis. Faremos questão de divulgar cada conquista no momento oportuno, à medida que os projetos forem se concretizando.”

COISAS DA POLÍTICA – Em seu plano de governo, o senhor mencionou que Teresópolis tem apresentado indicadores preocupantes em diversas áreas sensíveis. Desde a saúde e educação, passando pela segurança pública e infraestrutura, até a promoção do desenvolvimento sustentável e a inclusão social. Qual o senhor considera mais problemática?

LEONARDO VASCONCELOS – Quando falamos de uma cidade que ficou estagnada na última década, praticamente sem investimentos e sem obras de grande impacto, enquanto o mundo atravessava uma revolução tecnológica, a verdade é que todas as áreas são igualmente problemáticas e urgentes.
No entanto, há um consenso quase unânime — salvo por aqueles que insistem em negar a realidade — de que a saúde é, hoje, a prioridade número um em Teresópolis. Vivemos em uma cidade que é recordista em transferências de pacientes para outros municípios, onde cidadãos esperam mais de um ano por uma consulta médica ou por uma cirurgia eletiva. Isso não é apenas um problema administrativo; é uma verdadeira tragédia social que não pode continuar.
Teresópolis simplesmente não resistirá a mais uma década convivendo com esse cenário caótico.

COISAS DA POLÍTICA – No seu plano de governo também consta que o senhor pretende promover uma auditoria nas contas públicas e nos órgãos sob suspeita de aparelhamento político. Durante o período de transição, o senhor observou algo preocupante?

LEONARDO VASCONCELLOS – O que posso afirmar, com base no que foi observado até o momento durante o período de transição, é que há fortes indícios de má gestão. O aumento expressivo no custo da máquina pública é preocupante, assim como a falta de eficiência em diversos processos burocráticos da administração municipal.
No entanto, promover auditorias nas contas públicas não é apenas uma resposta ao que já identificamos, mas, sobretudo, um compromisso com o desejo da população por transparência e informações claras, amplas e acessíveis.
Por isso, nos primeiros dias do governo, assinarei a ordem para o início das auditorias.

COISAS DA POLÍTICA – Durante sua campanha, o senhor referiu-se à atual gestão classificando-a de “ultrapassada” e falou em “desgoverno”. Afinal, o que é preciso para colocar a casa em ordem?

LEONARDO VASCONCELLOS – Trabalho. Não há outro caminho para reconstruir uma cidade tão machucada senão com muito trabalho. Precisamos eliminar tudo o que é supérfluo, que serve apenas como enfeite, e concentrar no que realmente importa que é entregar à população aquilo que é seu por direito.
Isso significa acordar cedo, dormir tarde e, a cada dia, fazer mais e melhor do que no dia anterior. É um compromisso de superação constante e de dedicação proporcional à enorme responsabilidade que é governar uma cidade da importância de Teresópolis.
Vamos levar o povo de Teresópolis a sério. E todos aqueles que trabalharão ao meu lado terão que compartilhar desse mesmo propósito: dar o melhor de si para transformar a vida das pessoas. Com trabalho árduo e comprometimento, não só colocaremos a casa em ordem, mas elevaremos Teresópolis ao patamar que ela merece estar.

COISAS DA POLÍTICA – A corrida eleitoral foi acirrada desde o início até o final da apuração. Em alguns momentos, a liderança mudou de mãos, mas o senhor conseguiu se destacar numa das eleições mais disputadas da cidade? A que atribui sua vitória nas urnas?

LEONARDO VASCONCELLOS – Acredito que a chave da nossa vitória foi a verdade. Toda a nossa campanha foi baseada na verdade. Desde o início, fizemos uma campanha limpa, baseada em propostas reais, fruto de estudos e de um diálogo aberto com a sociedade. Levamos uma mensagem positiva, de esperança e otimismo, sem recorrer a ataques pessoais ou ao uso irresponsável das redes sociais para disseminar notícias falsas.
Tratamos o eleitor com respeito, e essa postura fez toda a diferença. Quem acompanhou a campanha pôde perceber quem estava falando a verdade, quem apresentava soluções concretas e quem realmente estava comprometido com o futuro de Teresópolis. Não tenho dúvidas de que foi a verdade que nos levou à vitória nas urnas.

COISAS DA POLÍTICA – Que mensagem o senhor deixa para a população de Teresópolis? O que ela pode esperar de seu novo governo?

LEONARDO VASCONCELLOS – Trabalho. Muito trabalho. Eu me preparei durante toda a minha trajetória para este momento e estou montando um time que, além de ter experiência para acertar onde outros erraram, terá que assumir um compromisso de se doar inteiramente a esta missão.
Não tem espaço em prefeitura para vaidade e holofote, prefeitura é lugar de trabalho e realização. E é isso o que as pessoas podem esperar do governo Leonardo Vasconcellos, trabalho, realizações e colocar Teresópolis acima de tudo!

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Jefferson Lemos é jornalista e, antes de atuar no site Coisas da Política, trabalhou em veículos como O Fluminense, O Globo e O São Gonçalo. Contato: jeffersonlemos@coisasdapolitica.com.br
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