O prefeito Eduardo Paes (PSD) não teve apenas uma semana ruim. Teve uma daquelas de amargar — que nem tweet irônico disfarça. Na terça, com Pampolha sendo empossado conselheiro do TCE, perdeu o vice que tanto queria manter. Nesta quinta (22), teve o projeto que considerava “o mais importante” do ano retirado de pauta pela oposição. E no fim, ainda teve que engolir duas assinaturas do PT ajudando a enterrar a proposta. Isso mesmo: o PT, dono de três secretarias na sua gestão. O prefeito ainda enfrentou protestos por conta do seu decreto contra barqueiros, donos de quiosques e músicos da orla.
O troco do prefeito veio pelas redes sociais, como de costume. Tentou pintar a oposição — e parte da base — como incoerente. “PL e NOVO se uniram ao PT e PSOL”, disse, como se a derrota fosse culpa dos outros. Mas esqueceu de dizer que o projeto de criação da Força de Segurança Municipal previa R$ 400 milhões em contratos temporários, sem concurso e com armamento.
Foi isso que os vereadores derrubaram, com uma emenda-dinamite articulada por Paulo Messina (PL), que reuniu as 17 assinaturas necessárias para tirar o texto de pauta. Teve de tudo na lista: PL, PP, NOVO, MDB, PSOL, e sim, dois vereadores do PT. A base, que Paes diz ser ampla, ficou pequena diante de um projeto confuso, sem diálogo e cheio de brechas.
Para tentar salvar a narrativa, o vereador Flávio Valle (PSD) fez vídeo jogando nos colegas a culpa pela insegurança na cidade. Levou troco de todo lado: Pedro Duarte (NOVO) chamou de “piada”, Rogério Amorim (PL) cravou que o projeto “arma uma milícia sem concurso” e Fernando Armelau (PL) desafiou Valle para um debate público sobre segurança pública.
Enquanto isso, nos bastidores, Pedro Paulo — presidente do PSD e braço-direito de Paes — subia o tom. Disse que o PT precisa decidir de que lado está. Criticou os “petistas infiéis” e alertou: “Na Segurança Pública, não vai ter espaço para dúvida. Se o PT se divide agora, imagine quando estivermos no governo”.
No fim, o prefeito tentou vender estabilidade. Mas o que entregou foi derrota, racha na base e um projeto desmontado no plenário. E tudo isso em uma semana só.