A mais recente pesquisa do instituto Gerp, divulgada nesta quarta-feira (23), escancarou o desafio político enfrentado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no estado do Rio de Janeiro. Segundo o levantamento, 60% dos fluminenses desaprovam o trabalho de Lula, enquanto apenas 34% o aprovam.
Os números revelam um cenário de desgaste profundo, especialmente preocupante por se tratar do berço eleitoral da família Bolsonaro — onde o petista não consegue reverter a rejeição desde o início de seu terceiro mandato.
Avaliação negativa em todos os recortes
A pesquisa, realizada entre os dias 16 e 21 de julho com 1.110 entrevistados, mostra que em todos os recortes demográficos e regionais, a desaprovação supera a aprovação. As regiões da Baixada Litorânea e do Centro Fluminense registram os piores índices, com reprovação acima de 70%. Mesmo entre mulheres, idosos e pessoas com renda de até um salário mínimo — grupos historicamente mais simpáticos ao PT — a avaliação negativa predomina.
Fatores que agravam a rejeição
A dificuldade de Lula em recuperar popularidade no estado fluminense é agravada por uma série de fatores:
– Inflação persistente e preços elevados de alimentos e combustíveis
– Aumento de impostos e impopular reforma tributária em discussão
– Rombo fiscal e incertezas sobre equilíbrio das contas públicas
– Escalada da criminalidade, especialmente nas regiões metropolitanas
– Escândalos de corrupção, como a fraude no INSS que causou prejuízo de R$ 6,3 bilhões a aposentados e pensionistas
Contexto nacional e internacional
Embora pesquisas nacionais indiquem uma leve recuperação de Lula em alguns segmentos — como entre os mais escolarizados e moradores do Sudeste — o Rio de Janeiro permanece como um bastião de resistência ao governo petista. Nem mesmo o embate com o presidente dos EUA, Donald Trump, sobre o “tarifaço” conseguiu melhorar significativamente os índices locais.
Alerta vermelho para o presidente
A pesquisa Gerp revela um alerta vermelho para o Palácio do Planalto: a rejeição a Lula no Rio de Janeiro é estrutural, profunda e transversal. Em um estado estratégico para qualquer projeto político nacional, o presidente enfrenta uma rejeição consolidada que pode comprometer sua capacidade de articulação e influência na região.