Rio já teve quase 2 mil casos de ataques ou maus tratos envolvendo cães neste ano

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Neste ano, o Corpo de Bombeiros já registrou 1.888 ocorrências com cães envolvidos em ataques a pessoas ou em situação de abandono e maus tratos no Estado. Mais da metade dos casos (1.015), na capital.  A informação foi passada pelo tenente-coronel André Gomes, representante da corporação na audiência pública realizada nesta segunda-feira (20/05) na Alerj. O encontro debateu a legislação de cães, bem como o abandono desses animais.

O debate foi promovido pelas comissões de Constituição e Justiça (CCJ); de Defesa e Proteção dos Animais; e Cumpra-se da Alerj, após recentes casos envolvendo ataques de pitbulls que causaram ferimentos graves em pessoas e até mortes no Estado.

O número elevado de atendimentos chamou a atenção de todos e levou o deputado Carlos Minc (PSB), presidente da Comissão do Cumpra-se, a sugerir junto à Comissão de Defesa dos Animais a elaboração de um cadastro de entidades municipais e organizações não-governamentais que estejam aptas e habilitadas a receber animais apreendidos, visto que o representante do Corpo de Bombeiros considerou um “problema sério” a carência de centros de acolhimento de animais.

A promotora de Justiça do Ministério Público Maria Fernanda Mergulhão sugeriu ainda a chipagem de animais, seguro de responsabilização civil, e treinamento de tutores em relação ao tratamento de animais, como medidas que podem evitar “desgastes e eventos catastróficos”. 

Maior fiscalização para cumprimento efetivo da legislação em vigor; campanhas maciças de conscientização voltadas para a população em geral e agentes públicos foram outras  sugestões apontadas na audiência pública.

Animais ferozes

De acordo com a lei estadual 4.597, de 16 de setembro de 2005, cães das raças pitbull, fila, doberman e rotweiller só podem circular por locais públicos, como ruas, praças, jardins e parques, se conduzidos por pessoas com mais de 18 anos, sempre com guias equipadas com enforcador e focinheira apropriados. A lei também determina que a permanência desses animais é vetada nas praias e que, a partir dos seis meses de idade, a esterilização de todos os animais da raça pitbull ou dela derivada é obrigatória.

O consenso durante o encontro é de que apesar de a lei estadual 4.597/2025 ser abrangente, é necessário realizar uma ampla campanha de divulgação para conhecimento dos direitos, deveres e responsabilidades contidas na legislação.

“Tutores de animais, sociedade civil e autoridades que estão na linha de frente, como guardas municipais e policiais militares, precisam ter conhecimento da lei para que possamos realmente proteger os animais e as pessoas”, afirmou o presidente da Comissão de Defesa e Proteção dos Animais, deputado Léo Vieira (Republicanos).

Representante da Polícia Militar na audiência pública, o major Elton Gomes informou que a corporação vai publicar uma nota de instrução com toda a legislação vigente, como uma forma de maior conhecimento e esclarecimento dos agentes públicos acerca de todos os artigos da lei relacionada a animais.

Debates vão continuar

Os representantes de entidades ligadas à causa animal e da Ordem dos Advogados do Brasil presentes ao encontro consideraram positivos o debate e as sugestões, e alertaram também que o tipo de tratamento recebido pelo animal é determinante para o comportamento dele, independentemente de raça. Ressaltaram que animais vítimas de maus-tratos podem vir a ser arredios e bravios, culminando em ataques a pessoas, como ocorrido recentemente.

“O debate não termina, continuaremos tratando do tema nas comissões para estabelecermos avanços não só no campo administrativo mas também no cumprimento efetivo da lei”, concluiu o presidente da Comissão de Constituição e Justiça, deputado Rodrigo Amorim (União).

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