Expansão do tráfico e reincidência fazem preço dos seguros de carros disparar

Jefferson Lemos
Crime organizado mirou o roubo de veículos como forma de retaliação às operações da polícia e de diversificar suas fontes de lucro. Confira a seguir quais são os veículos mais roubados

O crime organizado mirou o roubo de veículos como forma de retaliação às operações da polícia e de diversificar suas fontes de lucro, atingindo em cheio o bolso dos motoristas. O aumento do roubo de carros gerou uma elevação significativa nos preços dos seguros no Rio. Apenas na última semana 200 veículos foram roubados por dias no estado, o que representa aumento de 175% em relação à média de 2024. Os veículos mais roubados na Zona Sul da cidade do Rio em janeiro foram o Jeep Compass, o Jeep Renegade, o VW T-Cross, o Nissan Kicks, o Ford EcoSport.

Em recente entrevista, o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, disse que o aumento nos casos de roubo de veículos tem relação direta com a expansão do domínio das organizações criminosas em território fluminense, principalmente após a ADPF635, decisão da Justiça que restringiu as ações das polícias nas favelas. Segundo ele, cerca de 80% dos roubos de carros são praticados por integrantes de facções do tráfico. A dificuldade de entrar em comunidades conflagradas se tornaram um obstáculo adicional no combate ao roubo de veículos, já que os bandidos levam os veículos para a favela sabendo que a polícia não poderá entrar para recuperá-los.

Reincidência

Como se não bastasse, entre 65% e 70% dos presos por roubos de veículos e cargas são reincidentes, ou seja, já estiveram atrás das grades pelo mesmo crime, mas foram colocados de volta nas ruas pela legislação ultrapassada e benevolente com a bandidagem. Segundo a polícia, o tempo médio que os reincidentes permanecem presos é de apenas 14 meses, mesmo quando se utilizam de armas de fogo para intimidar e ameaçar suas vítimas.

Não à toa, o Rio está entre os quatro estados com os piores índices de recuperação de veículos, o que também colabora com a majoração no valor do seguro. Enquanto a polícia enxuga gelo, além da elevação dos preços, motoristas, estão encontrando também dificuldades para fazer a renovação do seguro, já que alguns CEPs além de contribuírem para o aumento dos preços, são também motivos de recusas de seguro.

Seguros chegam a dobrar

A variação de preços entre os bairros é bastante salgada. O seguro de um Jeep Renegade que atualmente sai por R$ 6.405,36 em Ipanema, na Glória chega a custar R$ 9.554,74. A variação do Nissan Kicks é de R$ 9.676,06 no bairro da Glória e R$ 6.957,51 no de Ipanema. Já o seguro do VW T-Cross chega quase a dobrar de valor. A cotação é de R$ 6.790,10 em Ipanema, mas chega a custar R$ 12.874,58 na Glória. O aumento nos preços deve-se ao chamado índice de sinistralidade no estado do Rio, que chegou a 84,8% em 2024 (de janeiro a novembro), enquanto em 2023 foi de 56,4%.

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Jefferson Lemos é jornalista e, antes de atuar no site Coisas da Política, trabalhou em veículos como O Fluminense, O Globo e O São Gonçalo. Contato: jeffersonlemos@coisasdapolitica.com.br
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