Com 32 votos favoráveis e 14 contrários, o projeto da Força de Segurança Municipal (FSM-Rio), de autoria do prefeito Eduardo Paes (PSD), foi aprovado em primeira discussão nesta terça (3) na Câmara do Rio. A base do governo foi vaiada pela própria Guarda, a galeria virou arquibancada de protesto, e a oposição tratou de expor, com todas as letras, o que todo mundo já suspeitava: o plano é eleitoral, improvisado e armado — no pior sentido da palavra.
A bancada do PL entrou em campo afinada. Rogério Amorim, que apelidou a FSM de “milícia bolivariana do prefeito”, cravou que “o projeto não salva a Guarda. Ele a extingue. Vai criar uma força temporária, sem concurso, para contratar cabos eleitorais”. Rafael Satiê seguiu na mesma linha, destacando que “Paes quer ser o paladino da segurança agora, depois de 12 anos ignorando o tema”. Já Paulo Messina lembrou que o pacote custa R$ 400 milhões para nomeações sem concurso. “Vai virar cabide de emprego de cabos eleitorais”, afirmou.
Já a base do governo foi vaiada pela própria Guarda Municipal, que ocupou em peso as galerias. Tainá de Paula (PT) tentou justificar o voto a favor dizendo que o prefeito seria uma “resistência” ao crime. O plenário respondeu: “Contratada da milícia!”. Já a oposicionista Thais Ferreira (PSOL) falou em “política do silenciamento” ao comentar o requerimento aprovado para as discussões sobre o projeto serem encerradas. Enquanto Pedro Duarte (NOVO) chamou a manobra de “vergonha”. “Paes quer que a gente aprove o texto sem discutir”, acusou.
Com emendas rejeitadas e críticas ignoradas, Paes já agiu como se tudo estivesse resolvido: marcou para esta quarta (4) o lançamento da Divisão de Elite da FSM antes mesmo da votação final, prevista para quinta (5). Duarte resumiu o sentimento da oposição: “A Câmara virou figurante de um roteiro pronto. O prefeito governa por cima do Legislativo e viramos carimbadores de suas vontades”.
Se havia dúvida de que a FSM era um projeto com mira no calendário eleitoral, ela acabou nesta terça-feira. Entre vaias, omissões e discursos inflamados, o que ficou claro é que a segurança pública virou palanque — e o povo, mais uma vez, é que vai pagar a conta.