A inauguração do Museu Olímpico no Velódromo do Parque Olímpico da Barra da Tijuca — um projeto de R$ 118 milhões que promete ser o primeiro do tipo na América Latina com chancela do Comitê Olímpico Internacional, deveria ser uma celebração institucional para o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), mas se transformou em um sinal de desgaste político: apenas quatro dos 51 vereadores da Câmara Municipal compareceram ao evento — Flávio Vale (PSD), Rosa Fernandes (PSD), Flávio Pato (PSD) e Gigi Castilho (Rep).
A ausência maciça de parlamentares, inclusive da base aliada, não passou despercebida. Em um momento em que Paes intensifica sua agenda pelo interior do estado e sinaliza que pode deixar o cargo para disputar o governo do Rio em 2026, o esvaziamento da cerimônia serve como um termômetro político para suas pretensões eleitorais.
O prefeito, que está em seu quarto mandato e não pode se reeleger em 2028, já admitiu publicamente que seu vice, Eduardo Cavaliere, deve assumir a prefeitura no próximo ano. A movimentação reforça os rumores de que Paes será candidato ao Palácio Guanabara, como já antecipou o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab.
A ausência de 47 vereadores pode ser interpretada como um recado claro: Paes terá que reconstruir pontes políticas se quiser viabilizar sua candidatura ao governo estadual. O episódio expõe fragilidades na articulação com o Legislativo e levanta dúvidas sobre o apoio que o prefeito terá fora da capital, onde já vem tentando ampliar sua base com visitas a cidades como Macaé, Cordeiro e Campos.
Com prestígio político em queda, a baixa presença de vereadores em um evento de alto investimento é um sinal de desgaste. O Museu Olímpico pode ser um marco da memória esportiva, mas neste domingo, tornou-se também um símbolo do isolamento político de Eduardo Paes — e um prenúncio das batalhas que o aguardam na corrida pelo governo do Rio.
