Um casal com histórico criminal extenso foi preso em flagrante nesta terça-feira (19) por maus-tratos a animais, em um caso que chocou até os policiais mais experientes. Edson dos Santos Filho, de 33 anos, e Jennifer dos Santos França, de 25, mantinham cães em condições de extrema crueldade no quintal de casa, no bairro Buraco da Onça, em Magé. Segundo a Polícia Civil, alguns dos animais — desnutridos e debilitados — eram enterrados vivos.
Mas o horror não para aí. Ambos acumulam mais de 40 anotações criminais, incluindo furto, roubo, tráfico de drogas, lesão corporal, ameaça e injúria. “Cada um possui mais de 20 registros. É inacreditável que pessoas com esse histórico ainda circulassem livremente”, afirmou a delegada Débora Ferreira Rodrigues, titular da 66ª DP (Piabetá), que conduz as investigações.
Durante a operação, desencadeada após denúncia anônima, uma cadela com três filhotes foi resgatada em estado crítico.
Os animais estavam se alimentando das próprias fezes. O casal confessou que não alimentava os cães e que os enterrava no quintal.

Legislação em xeque
O caso reacende o debate sobre a fragilidade da legislação penal brasileira e a política de desencarceramento que vem sendo defendida por setores do atual governo. A reincidência, alimentada pela impunidade e pela ausência de mecanismos eficazes de controle, transforma criminosos contumazes em ameaças permanentes à sociedade.
Apesar da prisão preventiva decretada — já que o crime de maus-tratos a animais prevê pena de 2 a 5 anos e não permite fiança —, especialistas alertam que, sem reformas profundas no sistema penal, casos como este continuarão se repetindo.
Há ainda dúvidas sobre por quanto tempo o casal será mantido preso. O fato de estarem soltos, apesar da extensa ficha criminal, dá indícios de que em breve estarão novamente livres nas ruas.
“A legislação ultrapassada e a leniência institucional criam um ciclo de violência e crueldade que não é interrompido”, disse um promotor ouvido sob condição de anonimato pelo g1.
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Resgate e esperança
Os animais resgatados foram encaminhados para atendimento veterinário e, após recuperação, serão colocados para adoção. A operação contou com apoio da Prefeitura de Magé, por meio da Vigilância Sanitária e da Secretaria de Agricultura.
Este episódio brutal é mais do que um caso isolado de crueldade — é um retrato da falência de um sistema que insiste em ignorar o risco de manter reincidentes nas ruas. A sociedade paga o preço, e os inocentes — humanos ou animais — são as vítimas.