A instalação da CPI do Crime Organizado nesta terça-feira (4) no Senado ocorre sob forte tensão política e popular. Após o presidente Lula afirmar que “traficante também é vítima”, gerando ampla revolta nas redes sociais e entre parlamentares da oposição, o governo federal se mobiliza intensamente para evitar que a direita capitalize esse desgaste e assuma o comando da comissão que investigará facções criminosas e milícias em todo o país.
A CPI, que será composta por 11 titulares e igual número de suplentes, foi criada sem o apoio do PT, que não conseguiu barrar a iniciativa. O nome natural para presidir o colegiado seria o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), presidente da Comissão de Segurança Pública do Senado e uma das principais vozes da direita no combate ao crime organizado.
No entanto, o Palácio do Planalto tenta emplacar o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), ou, em plano alternativo, o senador Rogério Carvalho (PT-SE), líder do PT na Casa. Há ainda uma tentativa de convencer o suplente Fabiano Contarato (PT-ES), delegado de carreira, a disputar a presidência com apoio do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).
A oposição, por sua vez, articula com o Centrão e outros blocos para garantir a presidência a Flávio Bolsonaro. O senador Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição, tem feito ligações diretas a colegas para consolidar apoio ao nome do filho do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O relator da CPI deverá ser o senador Alessandro Vieira (MDB-SE), autor do requerimento que deu origem à comissão. Vieira, de perfil técnico e independente, promete tratar o tema como um problema nacional, buscando evitar que a CPI se torne palanque político.
A composição da CPI inclui nomes de peso da oposição, como Sérgio Moro (União Brasil-PR), Magno Malta (PL-ES) e Marcos do Val (Podemos-ES), além de governistas como Otto Alencar (PSD-BA), Jorge Kajuru (PSB-GO), Jaques Wagner e Rogério Carvalho. A primeira reunião definirá presidente, vice e relator, e marcará o início de uma disputa que pode redesenhar os rumos do debate sobre segurança pública no Congresso.
