Economia perde fôlego e consumo tem menor crescimento desde a pandemia

Jefferson Lemos
Foi o desempenho mais fraco para um terceiro trimestre desde 2016, refletindo o peso dos juros elevados e a cautela dos consumidores, que têm priorizado gastos essenciais e adiado compras maiores (Arquivo/EBC)

A economia brasileira perdeu força no terceiro trimestre de 2025, com o PIB avançando apenas 0,1% e o consumo das famílias registrando sua menor expansão desde a pandemia, segundo dados do IBGE. O resultado expõe um cenário de estagnação e reforça a percepção de que o ciclo de crescimento pós-crise sanitária chegou ao limite.

O consumo das famílias, tradicional motor da atividade econômica, praticamente não se moveu, crescendo apenas 0,1%. Foi o desempenho mais fraco para um terceiro trimestre desde 2016, refletindo o peso dos juros elevados e a cautela dos consumidores, que têm priorizado gastos essenciais e adiado compras maiores. A desaceleração do setor de serviços, que responde por mais da metade do PIB, confirma a perda de dinamismo interno.

Enquanto o mercado doméstico mostra sinais de esgotamento, as exportações se destacaram como válvula de escape. Vendas externas de petróleo e produtos industriais ajudaram a sustentar o resultado positivo, ao lado de avanços na agropecuária e na indústria. O contraste entre a fraqueza interna e o vigor externo reforça a dependência do Brasil de fatores globais para manter o crescimento.

A política monetária restritiva, com juros básicos em 15%, continua a pesar sobre crédito e confiança. O governo enfrenta um dilema delicado: conter a inflação sem sufocar o consumo interno. Investimentos em máquinas e construção cresceram 0,9%, mas não foram suficientes para compensar a retração do consumo, deixando o equilíbrio econômico ainda mais frágil.

O quadro revela uma economia em compasso de espera. Se por um lado as exportações oferecem algum alívio, por outro a estagnação do consumo interno lança dúvidas sobre a capacidade do país de sustentar o crescimento em 2026. O Brasil entra no novo ano pressionado por juros altos e pela fragilidade da demanda doméstica, apoiado apenas em setores estratégicos voltados ao mercado externo.

Compartilhe Este Artigo
Jefferson Lemos é jornalista e, antes de atuar no site Coisas da Política, trabalhou em veículos como O Fluminense, O Globo e O São Gonçalo. Contato: jeffersonlemos@coisasdapolitica.com.br
Deixe um comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *