A audácia dos criminosos parece não ter mais limites — e a certeza da impunidade, cada vez mais, se transforma em combustível para a escalada da violência. No bairro São José, na região da Pampulha, em Belo Horizonte, dois homens foram presos após invadirem a mesma residência em dois dias consecutivos, sábado (28) e domingo (29), em uma sequência de crimes que chocou até mesmo os policiais mais experientes.
No primeiro dia, os suspeitos furtaram relógios e armas de fogo. No dia seguinte, voltaram ao local e levaram mais objetos de valor. A reincidência, registrada por câmeras de segurança, permitiu que a Polícia Militar montasse uma operação e flagrasse os criminosos deixando a casa. Eles tentaram fugir a pé, abandonando um carro clonado, mas foram capturados.
A impunidade se reflete no histórico dos envolvidos. Um dos detidos, de 40 anos, já tem passagens por homicídio, tráfico de drogas, roubo e furto. O outro, de 32, também acumula antecedentes por roubo, furto e tráfico. Mesmo com esse currículo criminal, ambos estavam soltos — e reincidindo.
Este também não é um caso isolado. Na mesma região, uma outra dupla foi presa após uma série de assaltos a residências. Eles chegaram a tentar subornar os policiais oferecendo armas e relógios em troca da liberdade. A polícia fingiu aceitar a proposta para recuperar os itens roubados, que estavam escondidos em diferentes bairros da Grande BH.
A sensação de insegurança cresce a cada dia. Segundo a mais recente pesquisa Quaest, a violência se tornou, pela primeira vez na história, a principal preocupação da população brasileira, superando temas como economia, saúde e educação.
A reincidência de criminosos com extensas fichas policiais, a ousadia de invadir a mesma casa duas vezes são sintomas de um sistema que falha em proteger o cidadão e punir o infrator. Enquanto a legislação falha, a criminalidade avança — e a população, acuada, assiste à banalização da violência como parte do cotidiano.