O Paraguai mostrou, na prática, a política de fronteira que o Brasil deveria implementar. Enquanto o governador do Paraná, Ratinho Junior, cobrava do governo Lula mais rigor na fiscalização, o vizinho tomou a dianteira: reforçou barreiras, apertou o cerco e prendeu quatro acusados de abastecer o Comando Vermelho com armas de guerra e drogas. A ação foi resultado direto da pressão gerada pela megaoperação no Rio de Janeiro, que expôs a rota internacional do crime e obrigou países vizinhos a reagirem.
O golpe contra o crime organizado
A Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD) do Paraguai desmantelou, nesta segunda-feira (24), um esquema sofisticado que usava carros de luxo como fachada para transportar drogas e armamentos às favelas cariocas. A quadrilha operava sob a cobertura de uma importadora de veículos em Assunção, onde automóveis eram adaptados para ocultar cargas ilícitas.
Durante a operação, agentes encontraram uma parede falsa dentro do escritório da empresa, atrás da qual estavam escondidos parte dos materiais ilegais. Segundo a SENAD, os criminosos viajavam com frequência à Bolívia e outras regiões de fronteira para adquirir cocaína, maconha e componentes de armas, que eram montadas antes de serem enviadas ao Brasil.
Os presos
Quatro homens foram capturados:
– Víctor Manuel Greco Céspedes – apontado como dono e financiador da empresa de fachada, responsável por coordenar todo o esquema.
– Gustavo Alejandro González Díaz (“Chaco”) – operador logístico, encarregado de modificar os veículos e buscar armamentos na Bolívia.
– Luis Miguel Duarte Benítez – motorista e responsável pelo transporte dos carros adaptados.
– Gustavo Ariel Ferreira Da Silva – flagrado em Luque com 6,4 kg de pasta-base de cocaína.
Entre os itens apreendidos estavam munições calibre .50, cocaína, maconha, peças de fuzis automáticos e semiautomáticos, além de quatro veículos e várias motocicletas.
Reflexo da operação no Rio
O endurecimento do combate ao crime no Brasil, com a megaoperação nos complexos da Penha e do Alemão — a mais bem-sucedida da história do Rio, fez o Paraguai reforçar suas fronteiras. Em outubro, o governo paraguaio intensificou o controle de veículos que cruzam para o Brasil e ampliou o patrulhamento marítimo no rio Paraná.
Ratinho Junior, governador do Paraná, foi direto ao cobrar ação semelhante em território brasileiro:
“Esses fuzis que foram pegos no Rio de Janeiro não vieram andando, vieram por alguém que estava trazendo, e vieram pelas nossas fronteiras. O Brasil tem que começar a ter uma política de defesa das suas fronteiras para evitar que esse tipo de armamento, esse tipo de drogas, entre no nosso país.”
Impacto
O caso expõe uma contradição: enquanto o Brasil ainda debate como proteger suas fronteiras e investe em políticas de desencarceramento, o Paraguai agiu rápido e mostrou que o combate ao crime organizado exige ação firme. A prisão dos quatro suspeitos e a descoberta da rede de abastecimento representam um golpe estratégico contra o Comando Vermelho e um recado claro de que o tráfico internacional não encontra mais terreno fácil, pelo menos no Rio e no país vizinho.
