O caso do motorista de aplicativo que recusou a corrida de uma menina de 13 anos desacompanhada e filmou todo o diálogo com ela gerou grande repercussão nas redes sociais e expôs o risco a que crianças, adolescentes e mulheres correm em todo o país durante as viagens.
Veja o vídeo: Instagram
A mãe da menina havia solicitado uma corrida para levar a filha de casa até um shopping. Por sorte, o incidente teve um final feliz, o que nem sempre ocorre.
Uma reportagem do Intercept Brasil revelou que entre 2016 e 2018, 46 casos de estupro foram registrados em corridas de Uber e 99 em seis estados brasileiros. Tudo leva crer que o número foi bem maior devido à subnotificação.
De lá para cá, as plataformas seguem se recusando a divulgar casos de violência sofridos por passageiros por motivos que parecem óbvios. Secretarias de Segurança Pública também não costumam contar com índices específicos deste tipo de violência, o que torna ainda mais complicado levantar estatísticas.
Casos de estupro nas corridas de aplicativo aterrorizam mulheres. Saiba se prevenir
Vai de táxi? Conheça antes os golpes aplicados por maus motoristas
Casos de estupro são reais
Mas o fato que casos de estupro continuam acontecendo.
No Rio de Janeiro, em julho do ano passado, um motorista de aplicativo, de 39 anos, foi preso por estuprar uma passageira durante uma corrida em São Gonçalo.
Segundo a polícia, ele teria drogado a passageira, de 38 anos, e depois violentado sexualmente a vítima. A mulher engravidou, mas realizou um aborto legal.
Em agosto, uma mulher de 35 foi vítima de estupro por um motorista de aplicativo durante uma corrida para casa na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Ao chegar ao destino, o motorista recusou o pagamento da corrida com cartão de crédito, conforme acordado na solicitação inicial, e exigiu dinheiro ou Pix. Ela tentou outros meios para conseguir o dinheiro, mas não obteve êxito e acabou estuprada. O valor da corrida era de R$ 55.
Em São Paulo, outro caso ocorreu em outubro de 2024. Um motorista foi preso por estuprar uma passageira de 17 anos dentro do carro.
Na ocasião, o Ministério Público abriu um inquérito para investigar as medidas de segurança adotadas pelas empresas de transporte por aplicativo.
Em outro caso, uma quadrilha de motoristas de aplicativos foi presa em março de 2023 por sequestrar, roubar e estuprar passageiras desacompanhadas na capital paulista.
Passageira mal-agradecida
Esses episódios reforçam a importância de seguir as regras de segurança das plataformas e de conscientizar pais e responsáveis sobre os riscos que crianças e adolescentes podem enfrentar ao utilizarem serviços de transporte por aplicativo sem supervisão.
O profissional que recusou a viagem da menina de 13 anos seguiu as regras da plataforma, que proíbem viagens de menores sem supervisão adulta e ainda alertou a garota sobre os riscos que ela corre ao realizar as viagens sozinha.
No final, ainda ouviu da menina mal-agradecida, ao desembarcar, a seguinte frase.
“Já não quer me levar e ainda quer dar lição de moral? Me poupe!”.
