Centro do Rio já perdeu mais de mil policiais com fechamento de batalhões

Jefferson Lemos

A grande região do Centro do Rio perdeu desde 2007 mais de mil policiais. O efetivo do Batalhão de Policiamento de Trânsito (BPtran), que cuidava do Centro e foi extinto em fevereiro de 2007, contava com 360 homens. Em 2011, algum gênio, para não dizer o contrário, decidiu que deveria-se acabar com o 1º BPM, na Avenida Salvador de Sá, e com o 13º BPM da Praça Tiradentes, que juntos somavam 790 agentes.

Com isso, toda a região central que já teve cerca de 1,6 mil policiais foi reduzida a um único batalhão que não tem mais de 600 homens. Enquanto a bandidagem do Morro da Providência, Mangueira e Complexo de São Carlos, que praticavam furtos e assaltos na região, soltavam fogos em comemoração, moradores e comerciantes entregues à própria sorte lamentavam o abandono.

      Efetivo existente dos batalhões extintos:

  • 1° BPM  — 380 (JUNHO 2011)
  • 13° BPM — 410 (JUNHO 2011)
  • BPTran —- 368 ( FEV 2007)

Após o fechamento do BPTran, empresários e comerciantes da região chegaram a realizar campanhas e até fizeram abaixo-assinado para tentar impedir a desativação do 1º e do 13º BPM, no então coração financeiro do Rio. Mas as faixas e cartazes de nada adiantaram. De lá para cá a violência no centro do Rio não parou de crescer. A violência contribuiu para o fechamento de lojas e a região ficou conhecida por ser alvo de furtos, assaltos e do crime conhecido como “saidinha de banco”.

Hoje os tempos mudaram, as “saidinhas de banco” não existem mais. Não por causa de uma melhora no policiamento, mas por conta do PIX e dos aplicativos de banco que surgiram para acabar com os saques na boca do caixa. A violência continua, com arrombamento de bancas de jornais, de lojas e de restaurantes. Muitos destes crimes são praticados por usuários de drogas e bandidos de comunidades vizinhas já citadas.

O resultado é o fechamento de vários comércios na região. No fim do ano passado, por causa da violência na área, uma conhecida multinacional responsável por sublocar salas comerciais e montar espaços para coworking entregou as chaves do seu principal escritório no Edifício Vargas, no Centro do Rio, onde ocupava dois andares. Várias outras empresas também deixaram a região, assim como moradores.

Os que não puderam se mudar, sonham com dias melhores, enquanto convivem com o pesadelo de sair de casa sem saber se voltarão em segurança.

Confira alguns casos recentes de repercussão:

  • No último dia 23 de agosto, um morador em situação de rua foi morto na Praça Mauá em plena luz do dia, durante uma briga com o segurança de um restaurante.
  • No mesmo dia, um homem foi preso na Central do Brasil acusado de estupro.
  • No último dia 6, outro homem acabou morto ao tentar assaltar passageiros em um ponto de ônibus na região central.
  • Em julho, três criminosos ligados ao Comando Vermelho (CV) foram presos em um edifício invadido no Centro. Com os traficantes foram apreendidos drogas, dinheiro, máquina de cartão de crédito e diversos celulares roubados na região.
  • Em 27 de maio, dois homens armados foram presos em flagrante por policiais militares após um assalto a ônibus no Centro da cidade. Com eles foram recuperados 14 celulares. O ônibus fazia a linha Gávea x Niterói, e a prisão aconteceu no Largo do Santo Cristo. Os presos eram do Morro do São Carlos, também no Centro.
  • Ainda em maio, bandidos se deram mal ao tentar assaltar um ônibus na Avenida Beira Mar, no Centro do Rio. Eles não contavam que no coletivo estivessem 25 PMs que voltavam de uma cerimônia na Alerj. O episódio terminou com um criminoso morto. Dois comparsas conseguiram fugir, provavelmente com as calças borradas.
  • Em abril, uma quadrilha de quatro criminosos foi presa na Lapa, acusada de roubar celulares no Centro do Rio.
  • Em 26 de fevereiro, um advogado de 42 anos, foi assassinado a tiros na Avenida Marechal Câmara, quando saía do escritório para almoçar, a poucos metros da sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ).

 

  • Imagem/Reprodução da Internet

 

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Jefferson Lemos é jornalista e, antes de atuar no site Coisas da Política, trabalhou em veículos como O Fluminense, O Globo e O São Gonçalo. Contato: jeffersonlemos@coisasdapolitica.com.br
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