Onde foram parar mais de R$ 33 milhões dos R$ 60 milhões gastos com o show da Madonna em Copacabana no último sábado (4), financiado em parte com recursos públicos? O questionamento é do deputado estadual Alan Lopes que botou na ponta do lápis as despesas com o espetáculo e concluiu que a conta não fechou.
As cenas de simulação de sexo oral, masturbação e outros atos pornográficos protagonizados por Madonna, seus dançarinos e artistas convidados não agradaram políticos conservadores, que cobram o ressarcimento aos cofres públicos do dinheiro investido e a responsabilização dos envolvidos por expor crianças a conteúdo sexual.
“É pornografia financiada com dinheiro público. Repugnante”, classificou Alan Lopes, que está solicitando, através de ofício, informações sobre o destino de todo valor investido no espetáculo em que a prefeitura do Rio e o Governo do Estado cederam R$ 10 milhões cada um.
“O Itaú e a Heineken, que se apresentam como os dois grandes patrocinadores do evento, não abriram os valores exatos que cada um investiu”, disse o deputado, detalhando os custos que já levantou.
“Gastos com hotel R$ 4,85 milhões; palco R$ 1,6 milhão; estrutura de áudio R$ 1,5 milhão; segurança R$ 580 mil; divulgação do evento R$ 796 mil; valor pago à Madonna R$ 17 milhões. Nessa soma, chegamos à cifra de R$ 26.326.000,00. Fora isso, ainda tiveram gastos com uma passarela do Copacabana Palace ao palco e reservas de salões do hotel para ensaios”, enumerou Alan Lopes, querendo saber onde foi parar o valor restante de R$ 33,674 mil.
Investimento questionado antes mesmo do show
O deputado estadual Filippe Poubel foi um dos primeiros a questionar o investimento feito por Estado e prefeitura no que chamou de “show de horrores” . No último dia 30, antes mesmo do espetáculo, ele protocolou na Alerj pedido de informações sobre uso das verbas públicas.
“Estima-se que essa nojeira custou mais de R$ 60 milhões. No requerimento estou pedindo a cópia de todos os contratos de prestação de serviços de todas as empresas que participaram do evento”, disse o deputado.
O também deputado estadual Márcio Gualberto pontuou que é inadmissível o uso de recursos públicos para patrocinar o show da Madonna, que deveria ter apenas patrocínio privado. Segundo ele, os valores gastos pelo poder público deveriam ter sido investidos em áreas prioritárias como saúde e educação.
“Madonna, aos quase 70 anos, protagonizou atos deploráveis, desrespeitando símbolos cristãos e a dignidade humana. É um insulto à inteligência e uma vergonha para nossa cultura”, criticou Gualberto, destacando que o espetáculo foi transformado em um showmício que exaltou nomes da esquerda como Che Guevara e Paulo Freire, entre vários outros.
O deputado estadual Anderson Moraes foi outro que criticou as cenas “pornográficas” durante o espetáculo. “É exatamente isso que nós estamos precisando? Promiscuidade com o dinheiro do povo?
Vergonha!”
Para o deputado federal Delegado Ramagem, o show foi um escárnio com o dinheiro público, pago pela população.
“A prefeitura fala em ‘matemática’ para justificar o injustificável show que poderia ser bancado integralmente com recurso privado, enquanto o carioca tem tantas outras necessidades no seu dia a dia. Desprezam a finalidade de incentivo à cultura nacional, formação de novos artistas e reforma de teatros e casas de eventos do Rio de Janeiro. Segurança e Comlurb concentradas e sobrecarregas para um evento, quando a cidade toda necessita de atenção e aperfeiçoamento nos seus serviços permanentemente”.
Caso será levado ao Ministério Público
O deputado federal Sóstenes Cavalcante acredita que Madonna claramente premeditou o seu ato reprovável ao ensaiar na quinta-feira as mesmas cenas executadas no sábado diante de inúmeras crianças.
“Este ensaio prévio no local do evento não foi mero preparo artístico, mas a configuração de um crime contra a inocência infantil, desconsiderando completamente a vulnerabilidade, a proteção legal devidas a menores de idade. Tal conduta não apenas transgride as normas sociais, mas implica uma grave violação legal, exigindo punição severa”, frisou, afirmando que levará o caso ao Ministério Público.
- imagem Reprodução/TV Globo