Enquanto muitos celebravam as festas de fim de ano, a tradicional saidinha de Natal trouxe um saldo preocupante para o Rio de Janeiro. Entre o fim de 2024 e começo de 2025, dos 1.494 detentos beneficiados pelo regime semiaberto no estado, 260 simplesmente não voltaram às unidades prisionais. Isso representa uma taxa alarmante de 14%, a maior entre os estados brasileiros.
No total, 2.042 presos em 15 estados e no Distrito Federal não voltaram às cadeias após a saída temporária de Natal. São Paulo lidera em números absolutos, com impressionantes 1.292 fugitivos, mas proporcionalmente, o Rio ocupa o primeiro lugar nesse ranking que ninguém quer liderar.
A saidinha, prevista pela Lei de Execuções Penais, é supostamente destinada à reintegração familiar. Mas, na prática, tem se tornado uma porta aberta para a impunidade. A ideia de liberar criminosos para confraternizar com a família soa absurda em um país onde a segurança pública já opera no limite.
No Rio, esses números são mais do que estatísticas; são um reflexo direto de brechas de uma legislação ultrapassada que coloca a população em risco. “Bom comportamento” e “confiança no detento” se tornam critérios pífios diante de uma realidade onde muitos desses beneficiados sequer cogitam voltar para cumprir o restante da pena.
O que acontece com os que não voltam? Esses são declarados foragidos e, em tese, perdem o direito ao semiaberto. Mas até serem recapturados — isso se forem —, já aumentaram o caos nas ruas. Até lá, o impacto negativo sobre a segurança pública e a confiança no sistema já está feito.