Depois de ser multada no ano passado por não zerar fila de vagas em creches, a Prefeitua do Rio parece não ter aprendido a lição. Muitos pais e outros responsáveis estão tendo que recorrer à Defensoria Pública do Estado para conseguir matricular suas crianças nas creches municipais.
Por receber inúmeras denúncias de falta de vagas a Defensoria tem promovido o Mutirão Vaga em Creche para atender pais e responsáveis por crianças de até 3 anos. No último sábado, o mutirão aconteceu em dois bairros: Jacarepaguá e Campo Grande.
A defensora pública Mirela Assad, coordenadora de Programas Institucionais da DPRJ, informou que a busca por vagas em creches tem sido crescente e que, em 2024, os mutirões atenderam centenas de famílias. A Defensoria também ajuíza ações para garantir o direito à educação infantil, seguindo determinação do Supremo Tribunal Federal (STF).
Para o vereador Leniel Borel (PP), que atua em defesa da infância e adolescência na Câmara do Rio, o descaso vai muito além da falta do ensino. “A Defensoria Pública está fazendo o que a Prefeitura deveria ter resolvido há muito tempo. Deixar crianças sem creche é condenar famílias ao desespero, especialmente mães de crianças com deficiência, que enfrentam um duplo abandono: falta de vaga e de mediadores. Educação infantil não é favor, é direito, e vamos cobrar para que ele seja garantido.”
Tamiris da Silva Bezerra foi uma das pessoas que buscou atendimento no mutirão. Mãe solo e atípica, ela enfrenta desafios diários para garantir que seus três filhos, dois deles com deficiências, tenham acesso à educação infantil.
“Eu sou mãe atípica, tenho 26 anos, tenho filho com múltiplas deficiências, outro com autismo e TDAH, e a mais nova está em investigação para descobrir o que tem. Sou nova residente em Guaratiba e acabei perdendo a data de inscrição. Fui às escolas, conforme me instruíram, mas lá dizem que já estão superlotadas. Vim na Defensoria para conseguir vaga para as crianças, porque é um direito nosso. Será um grande apoio para mim, já que sou mãe solo e preciso levá-los aos tratamentos. O grande desafio, além de conseguir a vaga, é também obter um mediador, essencial para a permanência de crianças especiais na escola. Outro problema é que em Guaratiba as creches só oferecem meio período, o que dificulta a rotina de trabalho dos pais”, relatou.
- com informações da Defensoria Pública