A expansão da facção criminosa Anjos da Morte (ADM) sobre comunidades indígenas na Bahia tem agravado o cenário de violência na região. Originada na Aldeia do Xandó, no extremo sul do estado, a ADM surgiu como um braço do Bonde do Maluco (BDM) e, ao longo dos últimos anos, consolidou sua presença em terras Pataxó e em destinos turísticos como Caraíva, Trancoso e Arraial D’Ajuda.
A vulnerabilidade dos povos indígenas, marcada pela falta de políticas públicas e pela ausência do Estado, tem sido explorada pela facção. Jovens indígenas, muitos deles menores de idade, são recrutados e incorporados à estrutura criminosa, participando de execuções e do tráfico de drogas dentro das próprias aldeias.
Há relatos de que pelo menos seis indígenas já foram mortos em confrontos envolvendo o grupo. Muitos outros teriam sido expulsos de suas terras.
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No último dia 13, após a morte de um dos líderes da ADM, a facção impôs um toque de recolher em Caraíva, gerando pânico entre moradores e turistas.
Diante da escalada dos crimes, entidades de defesa dos direitos indígenas cobram uma resposta efetiva do governo baiano e do governfo Lula.
A Defensoria Pública da Bahia, em conjunto com o MPF e a Defensoria Pública da União (DPU), denunciou a falta de medidas estruturais para proteger os povos indígenas.
Em nota, a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do Estado da Bahia (SJDH) afirmou estar ciente da cooptação de indígenas por facções criminosas e destacou que casos como esse estão sob investigação.
Enquanto o poder público falha em conter a violência, a ADM continua expandindo seu domínio sobre territórios indígenas, aprofundando a crise de segurança e agravando a situação de comunidades tradicionais, que seguem desassistidas e vulneráveis à ação do crime organizado.