As leis deveriam facilitar a vida das pessoas, mas não é isso que muitas vezes ocorre. Um exemplo é a Reforma Trabalhista, que acabou com a obrigatoriedade do imposto sindical, mas gerou enormes filas dos sindicatos para cancelar a contribuição. Afinal, ficou valendo a máxima de “quem cala, consente” e quem não pede a suspensão da contribuição continua a ser descontado.
Nesta terça (24) a fila foi grande na porta do Sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro, onde os trabalhadores passaram mais de 2 horas esperando a vez, apesar do aparato montado pelo sindicato, com dezenas de funcionários atendendo à demanda, que dava volta no quarteirão da Rua André Cavalcanti, no Centro do Rio.
Segundo o sindicato, o problema ocorreu porque muitos trabalhadores temiam ser descontados em R$ 50, quando na verdade esse era o teto máximo de desconto, que é de 1% do salário de um mês. Ou seja, quem recebe R$ 1,7 mil, por exemplo, é descontado em R$ 17. Para o sindicato houve má fé de alguns comerciantes que disseram a seus funcionários que seriam descontados em R$ 50.
O objetivo da fake news seria para estimular os trabalhadores a não contribuírem e assim tentar desmobilizar o sindicato que luta pelos direitos da categoria. Na fila, muitos confirmaram ter recebido a informação de que seriam descontados em R$ 50 ou até mais.
Muitos também questionavam por que o cancelamento não poderia ser feito por carta ou por e-mail, como antes. O sindicato explicou que nos anos anteriores houve a pandemia e não podia haver aglomeração. Além disso, a entidade de classe percebeu que muitos empresários incentivam seus funcionários a assinarem “cartas” que eles mesmos elaboravam e distribuíam para os trabalhadores, sem informar o real valor da contribuição a ser descontada dos salários.
Apesar das fake news e das enormes filas, o sindicato informou que o número de trabalhadores que pediram o cancelamento da contribuição não chegou a 10% da categoria.