Prefeitura do Rio culpa ocupação do solo que ela não fiscaliza por infestação de borrachudos

Jefferson Lemos
Surto de borrachudos vira caso de saúde pública e prefeitura do Rio culpa ocupação irregular do solo, que ela mesma não consegue fiscalizar, como causa da infestação dos mosquitos (Reprodução da internet)

O aumento alarmante da população de mosquitos borrachudos em diversos bairros do Rio de Janeiro tem gerado preocupação entre moradores e autoridades.

A Prefeitura do Rio atribui a proliferação dos borrachudos ao desequilíbrio ambiental, causado principalmente pela destruição de áreas de mata e ocupação irregular do solo, que ironicamente ela mesma não consegue fiscalizar.

O problema, que já impacta a rotina da população e até a economia local, foi levado à Câmara Municipal, onde uma comissão especial foi criada para discutir soluções.

Nos últimos anos, a ocupação irregular do solo na cidade do Rio de Janeiro tem aumentado de maneira significativa, gerando preocupações entre urbanistas, ambientalistas e gestores públicos.

O fenômeno, impulsionado por diversos fatores sociais e econômicos, tem provocado impactos diretos na infraestrutura urbana e no meio ambiente.

Entre 2017 e 2020, foram realizadas apenas 359 demolições de construções irregulares, um número muito inferior ao registrado entre 2021 e 2022, quando 1.313 demolições foram executadas.

Esse aumento demonstra que, se hoje o trabalho de fiscalização ainda não dá conta do serviço, por anos, a fiscalização foi insuficiente para conter o avanço da ocupação irregular.

Esses números mostram ainda que, apesar dos esforços recentes, a fiscalização ainda enfrenta obstáculos para conter o crescimento desordenado da cidade.

Infestação atípica e impactos na população

Os mosquitos borrachudos, cientificamente chamados de Simulium spp, são pequenos, mas suas picadas são dolorosas e podem causar inchaço, coceira intensa e reações alérgicas.

Em bairros como Alto da Boa Vista, Rio das Pedras, Itanhangá, Ilha da Gigoia, Barrinha, Morro do Banco e Tijuquinha, moradores relatam dificuldades para sair de casa sem serem atacados pelos insetos.

Alguns afirmam que nem roupas grossas conseguem impedir as picadas, e há relatos de crianças desenvolvendo infecções graves após serem picadas.

Após picadas, prefeitura resolve agir

Especialistas alertam que o uso indiscriminado de inseticidas para combater outros mosquitos, como o Aedes aegypti, tem eliminado predadores naturais dos borrachudos, agravando o problema.

O tradicional fumacê, utilizado para eliminar mosquitos adultos, não é eficaz contra essa espécie, pois os borrachudos são menores e voam mais rápido e para distâncias maiores.

Depois de cobrada pela população, a Prefeitura iniciou a aplicação de BTI, uma bactéria que elimina as larvas sem prejudicar o meio ambiente.

Enquanto isso, a população segue buscando formas de se proteger, recorrendo a repelentes e roupas de proteção.

O surto de borrachudos, que já afeta a saúde pública e a economia local, exige uma resposta rápida e eficaz das autoridades para evitar que o problema se agrave ainda mais.

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Jefferson Lemos é jornalista e, antes de atuar no site Coisas da Política, trabalhou em veículos como O Fluminense, O Globo e O São Gonçalo. Contato: jeffersonlemos@coisasdapolitica.com.br
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