A entrevista do rapper Oruam ao programa Domingo Espetacular, exibido na Record, neste fim de semana, continua repercutindo nas redes sociais, onde internautas o acusam de promover a bandidolatria. Na entrevista, o rapper enalteceu abertamente seu pai, Marcinho VP, citando ele como “exemplo”. VP é um dos nomes do crime organizado mais famosos do Brasil, apontado como um dos líderes da facção criminosa Comando Vermelho (CV).
A polêmica em torno de Oruam não é de hoje. Políticos também o tem acusado de promover a bandidolatria e de fazer apologia ao crime em suas músicas. O rapper serviu de inspiração para projetos de lei por todo o país contra o uso de dinheiro público em shows que fazem esse tipo de apologia.
No mês passado, Oruam foi detido durante uma blitz no Rio, por ter sido pego em flagrante durante direção perigosa, colocando em risco a vida de pedestres e outros motoristas. A ação foi apontada como estratégia de marketing por trás de seu novo disco, anunciado no dia seguinte, depois que ele foi liberado após pagar fiança.
Uma semana depois, Oruam foi alvo de uma operação da Polícia Civil que investigava disparos que teriam sido feitos por ele em um condomínio no interior de São Paulo, em dezembro.
No dia 26 de fevereiro, policiais da DRE encontraram um homem foragido da Justiça, acusado de tráfico de drogas, na casa do rapper. Oruam acabou incriminado e preso por escondê-lo da polícia, mas como da outra vez, foi solto após assinar um termo circunstanciado.
O rapper, que traz no corpo tatuagens que incluem imagens do próprio pai e de Elias Maluco, traficante condenado pela morte do jornalista Tim Lopes, alegou na entrevista à Record que apesar da fama do pai com o crime, Marcinho VP sempre procurou afastá-lo desse universo.
“O Brasil é isso! É o funk, o rap, o pagode, o samba, é o povão. Eu canto a realidade das favelas: a pobreza, a desigualdade. Falta oportunidade! Enquanto o último daqui não vencer, eu também não venci”, finalizou Oruam, com discurso de candidato.
Lei anti Oruam
Cantor de “Oh Garota Eu Quero Você Só Pra Mim”, Oruam atualmente é um dos principais nomes do rap e trap no Brasil e já conquistou milhares de ouvintes em plataformas como Spotify e YouTube, fato que chamou a atenção de conservadores de todo o país, que alertam para o risco da influência de suas músicas em crianças e jovens.
As letras do rapper falam de ostentação, sexo e o fato de ser filho de um traficante, o que gerou a proposta da “Lei Anti-Oruam” na cidade de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, que serviu de inspiração para outros projetos de lei no Rio, em outros estados e também em Brasília.