A Suíça prepara-se para um plebiscito histórico em junho de 2026: os cidadãos irão decidir se o país deve estabelecer um teto populacional de 10 milhões de habitantes. Caso aprovado, novas entradas poderiam ser suspensas quando o limite se aproximar, tornando-se a primeira lei desse tipo na Europa.
A proposta nasceu em 2023, impulsionada pelo Partido Popular Suíço (SVP), de direita, que argumenta que o crescimento acelerado da população — hoje em torno de 9 milhões de habitantes, com quase 27% de estrangeiros — tem pressionado o mercado imobiliário e superlotado o transporte público. Nos últimos dez anos, a Suíça cresceu +10%, muito acima da média da União Europeia, que foi de apenas 2%. A imigração responde por quase 90% desse boom populacional.
O efeito dominó europeu
A iniciativa suíça reflete uma tendência mais ampla no continente:
– Portugal aprovou em 2025 novas regras que restringem vistos de trabalho e dificultam a reunificação familiar.
– Itália e Espanha endureceram critérios de cidadania e residência, em resposta ao avanço de partidos nacionalistas.
– Reino Unido, após o Brexit, reforçou barreiras para trabalhadores estrangeiros, especialmente em setores de baixa qualificação.
– Relatórios recentes apontam que choques culturais e aumento da criminalidade têm alimentado o debate sobre imigração em países como Alemanha, França e Holanda.
O dilema
Defensores da proposta suíça afirmam que limitar a população é essencial para preservar qualidade de vida e infraestrutura. Críticos de esquerda, porém, alertam que a economia depende fortemente da mão de obra estrangeira, sobretudo em áreas como saúde, tecnologia e construção civil. São trabalhos menos remuneradas e que não exigem qualificação, muitas vezes recusados pelos cidadãos suíços.
O plebiscito de 2026 será mais do que uma decisão nacional: poderá se tornar um marco europeu na redefinição das fronteiras e identidade cultural.
