A cada pancada de chuva no Rio, a água escorre para o ralo… ou melhor, não escorre. No coração da cidade, o que deveria ser uma travessia com segurança e autonomia vira um percurso de obstáculos – especialmente para quem se locomove com cadeira de rodas. As poças d’água que se formam em diversos acessos de pedestres no Centro acumulam mais do que descaso: representam o bloqueio literal à mobilidade e ao direito de ir e vir de pessoas com deficiência.
Um exemplo gritante está no cruzamento da Avenida Nilo Peçanha com a Avenida Rio Branco, onde o sinal de pedestres foi rebaixado para acessibilidade, mas a falta de drenagem criou um novo problema. O local vive coberto por uma lâmina de água suja e parada – cenário que se repete em outros trechos da região central, como a Rua da Carioca, Avenida Presidente Vargas e os arredores da Cinelândia.
O Rio possui uma legislação municipal específica sobre acessibilidade, e a Constituição garante o direito pleno de circulação para todos. Mas, na prática, a cidade segue sendo hostil para quem precisa de infraestrutura básica para se locomover. O escoamento ineficaz de água da chuva, somado à má conservação do asfalto e calçadas mal niveladas, transforma qualquer garoa em problema estrutural.
Mobilidade não é só sobre ônibus e metrô – é também sobre um simples detalhe como a drenagem de um rebaixamento de calçada. Sem isso, o que sobra são poças e mais problemas do que soluções.