Por Jefferson Lemos
O Estado Paralelo no Rio de Janeiro não para de crescer e cada vez mais ameaça o Estado de Direito. O crime organizado tem evoluído e adotado postura de governo, ditando leis e cobrando dos moradores das áreas ocupadas taxas, tributos e impostos de fazer inveja aos burocratas. Recursos estes que garantem seu poder e domínio sobre regiões cada vez maiores, permitindo a compra fuzis e equipamentos de guerra sofisticados, como drones lançadores de explosivos.
A máquina de arrecadação do Estado Paralelo é poderosa. Na Muzema, traficantes do Comando Vermelho que assumiram o controle da região, outrora nas mãos da milícia, promovem uma verdadeira reforma urbana, expulsando de condomínios os moradores que não conseguem comprovar que são proprietários de seus imóveis ou que possam ter ligação com milicianos. Quem fica é obrigado a pagar taxa mensal de R$ 70.
Em Rio das Pedras, cada comerciante é obrigado a pagar R$ 50 por semana como taxa de segurança. No Morro do Banco são obrigados, assim como os moradores, a usar os serviços de internet e tv a cabo clandestina, e a pagar taxas pelo consumo de água, luz e gás. Assim como como o Governo Federal taxou recentemente as blusinhas da Shopee, traficantes e milicianos fazem cobrança até de vendedores de bala autônomos.
Com o poder de persuasão de fuzis e outros armamentos de guerra influenciam nas eleições, julgam moradores em verdadeiros tribunais onde a pena de morte é corriqueiramente aplicada, e ditam regras de saúde pública. Na época da Pandemia, moradores da Vila Aliança, na Zona Oeste foram intimados a usar máscaras nas ruas. Fato similar ocorreu no Morro da Providência, Morro do Pinto, Morro da Conceição, Santo Cristo, Saúde e Gamboa, onde também foram proibidas resenhas, pagodes, festas em praças e quadras nas regiões Central e Portuária.
A cobrança de impostos, taxas e tributos não tem limite e não são aplicadas apenas aos moradores e comerciantes das regiões ocupadas. No Parque Piedade, na zona norte da capital fluminense, o crime organizado exigiu de empreiteiras pagamento para permitirem a realização de obras públicas. Pelo que se conta, não foi a primeira vez, nem será a última que o Estado Paralelo taxa o Estado de Direito.
Investigadores estimam que apenas o crime organizado da favela da Rocinha fature entre R$ 10 milhões e R$ 12 milhões por mês, sendo que apenas R$ 3 milhões seriam com venda de drogas. Se nada for feito para frear essa escalada, com a revisão de leis ultrapassadas, entre outras medidas, o Estado Paralelo continuará a crescer em poderio bélico e econômico, dominando cada vez mais territórios e ameaçando se tornar maior até que, quem sabe, o Estado de Direito.