Banco Master: ligações estreitas, mas de alto risco

Jefferson Lemos

Nesta semana, o deputado estadual Luiz Paulo (PSD) solicitou ao TCE uma auditoria na operação entre o Banco Master e o RioPrevidência para a compra de letras financeiras do banco no valor aproximado de R$ 500 milhões. Segundo o deputado, a operação não oferecia as cautelas exigíveis. Mas se o negócio não era seguro, o que o teria motivado? Isso é o que o deputado tenta descobrir com a auditoria. Por enquanto, o que se sabe é que o Banco Master parece figura carimbada entre as empresas que mantém estreitas relações com o Poder Público. No último carnaval, a direção do banco esteve entre o seleto grupo de convidados do camarote patrocinado pela Cedae no Sambódromo, ao custo de R$ 4,5 milhões, como revelado na reunião da CPI da Transparência da Alerj nesta terça (1º).

Também é público que neste ano o banco quase fechou uma operação semelhante com a Caixa Asset, subsidiária do banco estatal. Em julho, o TCU cobrou da Caixa explicações sobre a intensão da compra de R$ 500 milhões em letras financeiras do Banco Master, apesar do parecer contrário de analistas da própria Caixa. Na ocasião, o parecer técnico contrário ao negócio listou diversas razões para que ele não fosse fechado. O documento classificou o modelo de negócios do Master como de “de difícil compreensão” e indicou “alto risco de solvência”, o que levou o assunto a ser retirado da pauta de reunião do comitê de investimento da Caixa Asset em 4 de julho. A aquisição das letras financeiras pela Caixa seria paga em dez anos e o volume do negócio deixaria a subsidiária do banco público como a maior credora da instituição

Como se não bastasse, o documento dos analistas da Caixa também apontou risco à reputação do banco estatal, afinal, o dono do Banco Master, Mauricio Quadrado, como noticiado pela grande mídia, foi citado em delação premiada do ex-superintendente nacional da Caixa, Roberto Madoglio, por ter supostamente pago propina para viabilizar uma operação do FI-FGTS, fundo de investimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço gerido pela Caixa. Com a delação, Madoglio devolveu R$ 39,2 milhões aos cofres públicos.

O presidente do Banco Master admitiu na ocasião ao jornal O Globo que a venda dos papéis foi abalada pela revelação do parecer divulgado. Ele disse ainda ao jornal ter se reunido “uma ou duas vezes” com a diretoria da Caixa para tratar sobre a venda das letras financeiras. A equipe do Master, segundo Vorcaro, se encontrou diversas outras vezes com o time da Caixa Asset, o braço de gestão de ativos do banco estatal.

“Ficamos surpresos com essa questão do relatório. Até onde a gente entende, e pelas conversas que temos com a Caixa e a Caixa Asset, eles têm uma opinião diferente do que está no parecer. A opinião do relatório não é a opinião efetiva da Caixa sobre o banco Master”, afirmou na época.

Diante dos acontecimentos, o que não há de estranho nesta história é o fato do deputado Luiz Paulo cobrar explicações, levando o caso ao TCE. Segundo o parlamentar, o negócio é inaceitável, pois coloca em risco as finanças futuras do RioPrevidência.

“Já vimos esse tipo de situação no passado, e os resultados foram desastrosos. Como é possível contratar R$ 500 milhões em letras financeiras de um banco de médio porte, cujo lucro em 2023 foi exatamente o mesmo valor da contratação feita pelo RioPrevidência? O banco Master tem um patrimônio líquido, em 2023, na ordem de R$ 2,3 bilhões, e o RioPrevidência está contratando uma operação que representa 20% desse patrimônio líquido”, advertiu o parlamentar em entrevista ao Agenda do Poder.

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Jefferson Lemos é jornalista e, antes de atuar no site Coisas da Política, trabalhou em veículos como O Fluminense, O Globo e O São Gonçalo. Contato: jeffersonlemos@coisasdapolitica.com.br
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