Em sessão marcada por tensão na Câmara Municipal do Rio de Janeiro nesta quarta-feira (5), os vereadores Poubel e Rogério Amorim, ambos do Partido Liberal (PL), lançaram duras críticas contra o prefeito Eduardo Paes (PSD) e o presidente Lula (PT). Os parlamentares condenaram a decisão da prefeitura de custear os enterros dos mortos na operação Contenção — realizada em áreas de mata da capital fluminense — e Amorim ainda acusou Lula de planejar auxílio financeiro às famílias dos envolvidos, que classificaram como “criminosos”.
Poubel relatou o caso de uma moradora que teve o pedido de sepultamento gratuito negado após a morte da mãe, enquanto, segundo ele, o prefeito autorizava o enterro de “vagabundos”. “É revoltante. O povo trabalhador não consegue enterrar seus entes queridos, mas a prefeitura banca enterro de criminosos”, disparou.
Amorim reforçou o ataque, afirmando que os mortos na operação estavam armados e em confronto com a polícia. “Lenhador não porta fuzil. Eram vagabundos. A prefeitura deveria respeitar o povo. Mais de 80% das favelas apoiam a ação da polícia”, disse, citando uma pesquisa de opinião.
O vereador também voltou sua artilharia contra Lula, acusando o presidente de cogitar o pagamento de auxílio às famílias dos mortos. “É um tapa na cara da sociedade. Esses vagabundos mataram quatro policiais. O enterro não pode ser pago com dinheiro do carioca”, afirmou.
O serviço de sepultamento gratuito é destinado exclusivamente a famílias que comprovem vulnerabilidade social. Para os que não se enquadram nos critérios, existe a possibilidade de tarifa social, negociada diretamente com as funerárias. “Nenhum corpo deixará de ser enterrado por falta de recursos. O serviço garante dignidade às famílias em situação de vulnerabilidade”, diz comunicado oficial da prefeitura.
A operação Contenção, que resultou em mais de uma centena de mortes, continua gerando debates acalorados na Câmara. As declarações dos vereadores reacendem a polarização entre os defensores de ações policiais mais duras e os que enxergam os criminosos como vítimas da exclusão social.
