Com uma canetada, o prefeito Eduardo Paes proibiu nesta terça-feira (23) o funcionamento da Feira de Acari, sob a alegação de que lá são vendidos produtos roubados, cuja origem é o crime organizado. Mas ao mirar a feira criada nos anos 70 e que se tornou famosa no País inteiro, o tiro do prefeito pode ter saído pela culatra. As críticas já começaram a chover: ao invés de proibir o evento, Eduardo Paes deveria fiscalizá-lo e prender os bandidos que agem lá, com a ajuda da PM.
É que na feira também tem gente de bem, que trabalha honestamente. São feirantes que vão ficar sem ter de onde tirar seu ganha-pão e moradores que se aproveitam do grande número de visitantes para garantir uma renda extra, vendendo sacolé, refresco e salgadinho.
Acontece que Eduardo Paes, candidato da esquerda e que conta com apoio do presidente Lula, vai enfrentar uma eleição polarizada neste ano e está precisando mostrar serviço na área de segurança pública, uma das principais bandeiras da direita.
Só que acabar com a Feira de Acari garante visibilidade, mas não o fim da venda de produtos roubados, que, no máximo, vai só mudar de endereço. Vitória para o crime organizado, que mais uma vez sai impune. E para a direita, que de longe vê o prefeito ser criticado pela própria esquerda.