Em uma sessão marcada por articulação intensa do Legislativo, o Congresso Nacional derrubou nesta quinta-feira (27) 52 dos 63 vetos presidenciais à Lei Geral do Licenciamento Ambiental. A derrota ocorre uma semana após o fiasco da COP30 em Belém, onde o Brasil buscava se apresentar como líder global na agenda climática mas demonstrou incapacidade até para organizar o evento, marcado por invasão, incêndio e até calote nos trabalhadores. O contraste entre o discurso internacional e a realidade doméstica reforçou críticas à capacidade de articulação do Planalto e expôs fragilidade para enfrentar as eleições de 2026.
Em entrevista à CNN, o cientista político Carlos Pereira (FGV) foi taxativo ao dizer que o governo está “colhendo o que plantou”, ao montar uma coalizão extensa e heterogênea, sem distribuição adequada de poder e recursos. Essa “coalizão Frankenstein” gera sucessivos desgastes e problemas de coordenação, resultando em derrotas recorrentes.
A situação se agravou com a saída de dois aliados relevantes da base, deixando o governo em posição minoritária. Além disso, Lula enfrenta atritos diretos com os presidentes da Câmara e do Senado, que controlam a pauta legislativa e têm se mostrado dispostos a impor derrotas estratégicas ao Executivo.
Impacto eleitoral e fragilidade política
O episódio não é apenas mais uma derrota legislativa: ele aprofundou a percepção de enfraquecimento político de Lula. Parlamentares oposicionistas e lideranças do Congresso aproveitam momentos de desgaste para reduzir a competitividade eleitoral do presidente em 2026.
Comparações já surgem entre o atual governo e o de Jair Bolsonaro, com analistas apontando que Lula acumula mais derrotas no Legislativo do que seu antecessor. Esse cenário mina a autoridade presidencial e fragiliza a narrativa de governabilidade, essencial para sustentar uma candidatura competitiva.
A derrubada dos vetos ao licenciamento ambiental simboliza não apenas um revés pontual, mas um marco no desgaste acumulado do governo Lula. Entre uma coalizão desarticulada, a perda de aliados e o avanço de lideranças legislativas contrárias, o Planalto enfrenta um ambiente político cada vez mais hostil. Com o calendário eleitoral se aproximando, a sucessão de derrotas no Congresso projeta um 2026 desafiador e incerto para o presidente.
