Jogos Pan-americanos: promessas vazias anunciam novo legado de abandono

Jefferson Lemos
Documento apresentado por Eduardo Paes e Rodrigo Neves que oficializa a candidatura conjunta de Rio e Niterói para sediar os Jogos Pan-americanos de 2031 ressuscita propostas como a despoluição da Baía de Guanabara e a implantação da Linha 3 do Metrô

O documento que oficializa a candidatura conjunta de Rio e Niterói para sediar os Jogos Pan-americanos de 2031, apresentado nesta semana pelos prefeitos Eduardo Paes (PSD) e Rodrigo Neves (PDT) já anuncia um novo legado de abandono, como o deixado pelos jogos Olímpicos de 2016. Promessas vazias e a previsão de gastos bilionários já preocupa a população das duas cidades. Rio e Niterói hoje sofrem com sérios problemas de infraestrutura, desordem urbana, mobilidade, ocupação irregular do solo, violência urbana e crescente população de rua, que para os moradores deveriam ser prioridade dos investimentos públicos e privados.

O documento traz como uma das propostas, a despoluição da Baía de Guanabara, que já foi promessa de Eduardo Paes para os jogos Olímpicos de 2016 e não saiu do papel. Os dois prefeitos também ressuscitaram no documento a promessa da Linha 3 do Metrô, que volta à pauta a cada eleição ou grande evento. Propostas estas que eles não têm compromisso de cumprir, como nunca cumpriram, até porque não são atribuições dos municípios e que dependem do aval do governo do Estado.

O documento não detalhou valores, mas apenas o custo para despoluir a Baía de Guanabara é estimado em R$ 24 bilhões. Soma-se mais R$ 15 bi para colocar a Linha 3 em operação. Quantias elevadas para um Estado que tem um déficit fiscal de quase R$ 15 bilhões para este ano, herdado de gestões anteriores, e ainda enfrenta o Regime de Recuperação Fiscal (RRF) imposto pela União e que inviabiliza investimentos.

Sobre a despoluição da Baía de Guanabara, o documento cita o Marco Legal do Saneamento, que prevê que até 2033 seja tratado 90% do esgoto das 27 cidades atendidas pela concessionária que assumiu o saneamento no lugar da Cedae, mas não menciona que o cronograma, que já teria que ser antecipado para 2031, está ameaçado pelo fato da rede de saneamento existente antes da concessão ter sido superestimada.

O legado das Olimpíadas do Rio de Janeiro de 2016 foi alvo de polêmicas e de críticas. Também foi marcado pelo abandono, má conservação e subaproveitamento de várias estruturas construídas. Diante das novas promessas vazias para os jogos Pan-americanos, a população já imagina o que esperar.

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Jefferson Lemos é jornalista e, antes de atuar no site Coisas da Política, trabalhou em veículos como O Fluminense, O Globo e O São Gonçalo. Contato: jeffersonlemos@coisasdapolitica.com.br
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