Criminalidade não dá descanso nem para os mortos

Jefferson Lemos

A criminalidade chegou a tal ponto no Rio de Janeiro que nem depois de morto o cidadão tem sossego. Prova disso são as concertinas de arame farpado no muro do Cemitério São João Batista, em Botafogo, na Zona Sul do Rio. A “decoração” não foi colocada à toa na “casa dos mortos”. Afinal, são frequentes os relatos do furtos de objetos de mármore, bronze e outros materiais valiosos que dão vida a portões, estátuas e lápides. Algumas peças levadas chegam a pesar mais de 150 kg, dizem os mais atentos.

Apesar de pesados e de tamanhos avantajados, as câmeras de segurança no local não costumam registrar os sumiços dos ornamentos. Mas mesmo assim ninguém acredita que trata-se de algo de outro mundo. “É coisa de ladrão”, afirmam os frequentadores. Pois é, foi-se o tempo em que por lá o medo era de assombração.

Ente algumas peças furtadas recentemente estão o portão de ferro do túmulo do Marquês do Paraná (1801-1856); uma estátua do túmulo do dramaturgo Cláudio de Sousa (1876-1954); e o busto do médico e professor Domingos José Gonçalves de Magalhães (1811-1882). Este último teria sumido no mês passado.

Em janeiro, o busto do jornalista, cronista e dramaturgo Nelson Rodrigues (1912-1980), foi roubado do cemitério, inaugurado em 1852. A peça pesava 45 kg, coisa fácil de se esconder no bolso, dizem os engraçadinhos. Em outubro do ano passado, um ladrão furtou uma estátua de bronze de 1,60 metro de altura. O monumento ficava alojado no mausoléu do escritor e médico Cláudio de Souza, que integrou a Academia Brasileira de Letras (ABL). Haja espaço no bolso!

A administração do cemitério diz que faz o que pode para monitorar seus quase 200 mil metros quadrados. Investe em segurança, coloca câmeras e arame farpado. Mas parece não haver muito a fazer, afinal o São João Batista é um dos mais ornamentados cemitérios brasileiros, com centenas de ricos mausoléus e artísticas sepulturas.

Por sua importância histórica e artística, consta no roteiro cultural da cidade atraindo turistas… e também ladrões.

 

  • Imagens/Divulgação
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Jefferson Lemos é jornalista e, antes de atuar no site Coisas da Política, trabalhou em veículos como O Fluminense, O Globo e O São Gonçalo. Contato: jeffersonlemos@coisasdapolitica.com.br
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