Niterói deixa profissionais de saúde sem salários

Jefferson Lemos
Em 2023 servidores da saúde já reclamavam privatização da gestão da unidade de saúde (Divulgação/Sindisprev)

O vereador Douglas Gomes (PL) usou nesta semana a tribuna da Câmara de Niterói para denunciar o atraso nos salários dos profissionais da saúde do Hospital Municipal Carlos Tortelly, no Bairro de Fátima, que é gerenciado pela Organização Social Associação Filantrópica Nova Esperança (AFNE). O problema ocorre todo mês.

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O deputado ironizou o fato da prefeitura costumar enaltecer a importância dos profissionais do setor para a população, ao mesmo tempo em que não garante sequer a subsistência deles.

“Dizem que funcionários da saúde são nossos heróis, mas todo mês é isso, todo mundo com salário atrasado. Não receberam salários, alimentação nem transporte. Não sabem como vão trabalhar amanhã”, declarou Douglas Gomes.

O parlamentar ressaltou que a empresa tem que pagar seus funcionários em dia, ainda que a prefeitura não faça o repasse.

“A empresa tem que ter esse lastro de três meses para conseguir bancar os salários, os impostos e benefícios desses profissionais”, destacou o vereador.

Sindicato também reclama

Sebastião de Souza, dirigente do Sindsprev/RJ, também lamentou o atraso. Nessa quinta (10) ele confirmou que o pagamento ainda não caiu na conta. Em 2023 o sindicato chegou a protestar em gente à unidade contra a privatização da gestão da unidade de saúde. (foto)

“Isso fica ruim porque o trabalhador tem que comprar comida, pagar passagem, água, luz. Hoje é dia 10. Pior é viver em uma situação que não há manifestação da Organização Social, que gerencia o hospital, para falar com o trabalhador”, criticou.

O dirigente do Sindsprev/RJ ressaltou que foi enviado um ofício para a secretária de Saúde de Niterói, Ilza Fellows, solicitando esclarecimento do não pagamento dos salários dos funcionários.

“Todos dentro da unidade são trabalhadores. Seja ele concursado, estatutário ou não. Fica o nosso repúdio com a falta de diálogo com o trabalhador. Em pleno século 21, estamos vendo uma escravidão branca”, avaliou o dirigente.

Descaso com a saúde não é de hoje

Essa não é a primeira vez que funcionários da saúde ficam sem salários em Niterói. Aliás, os atrasos vêm de anos.

Em janeiro, funcionários com deficiência visual denunciaram que estavam há oito meses sem receber salários da Prefeitura de Niterói.

No ano passado, profissionais da saúde realizaram uma paralisação devido ao atraso do pagamento dos salários dos funcionários das policlínicas e do programa Médico de Família.

Na ocasião, a Associação dos Servidores da Saúde de Niterói (ASSN) já reclamavam do atraso, que na época atingia cerca de três mil RPAs.

Além disso, também denunciaram que eram obrigados a conviver diariamente com a precarização de serviços e unidades deterioradas e com a falta de insumos.

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Jefferson Lemos é jornalista e, antes de atuar no site Coisas da Política, trabalhou em veículos como O Fluminense, O Globo e O São Gonçalo. Contato: jeffersonlemos@coisasdapolitica.com.br
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