A promulgação do Dia da Amizade Brasil-Israel pelo presidente do Congresso Nacional, Davi Alcolumbre, nesta quarta-feira (25), escancarou um mal-estar institucional com o Palácio do Planalto e reacendeu críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva por sua postura diante do Oriente Médio. A ausência de sanção presidencial ao projeto foi interpretada por parlamentares como um gesto político deliberado — e provocou reações inflamadas no Senado.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) não poupou palavras: acusou Lula de “escolher o lado errado” ao não sancionar o projeto, que homenageia a relação histórica entre Brasil e Israel. “Ele prefere o ódio, prefere a causa ideológica que coloca acima de tudo, inclusive dos direitos humanos, quando se posiciona ao lado de terroristas”, disparou o parlamentar, referindo-se ao apoio do governo brasileiro a regimes como o do Irã, acusado de financiar grupos extremistas.
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A crítica se soma à indignação de Davi Alcolumbre, primeiro judeu a presidir o Congresso, que destacou o simbolismo da nova lei e lamentou a omissão do Executivo. “A nova lei vai além da diplomacia; ela reconhece e valoriza a contribuição histórica, cultural e social da comunidade judaica do Brasil”, afirmou o senador, ao promulgar o projeto que havia sido aprovado em maio, mas ignorado pelo Planalto até o fim do prazo legal.
O pano de fundo da tensão é o posicionamento do governo Lula no atual conflito entre Israel e Irã. Em nota recente, o Itamaraty condenou os ataques israelenses a instalações nucleares iranianas, sem mencionar as ameaças do regime de Teerã ou seu histórico de apoio a grupos terroristas. A postura foi duramente criticada por parlamentares da oposição, que acusam o governo de “conivência” com ditaduras e de abandonar aliados democráticos.
Carlos Viana (Podemos-MG), relator do projeto, reforçou que Israel é “a única democracia do Oriente Médio” e defendeu que a amizade entre os povos deve estar acima de ideologias. Ele também criticou a omissão do governo diante da escalada do conflito e lembrou a participação histórica do Brasil na criação do Estado de Israel.
A crise diplomática se intensificou após o fechamento temporário da Embaixada de Israel em Brasília, em meio ao agravamento das tensões regionais e à repercussão negativa das declarações de Lula em fóruns internacionais, como o G7.
Enquanto o Congresso celebra a amizade com Israel, o Planalto se vê cada vez mais isolado em sua política externa, acusado de abandonar democracias e se alinhar a regimes autoritários. A promulgação da lei, sem a assinatura presidencial, tornou-se um símbolo desse embate — e um alerta sobre os rumos da diplomacia brasileira.