Desmatamento na Amazônia dispara 27% no 1º semestre sob governo Lula — e silêncio ecoa onde antes havia gritos

Jefferson Lemos
Segundo o Greenpeace, há uma expectativa de retrocesso nas políticas ambientais (Arquivo/Inpe)

Além da escalada da violência, da alta nos impostos e do peso crescente dos preços, os brasileiros agora encaram mais uma realidade incômoda: o avanço do desmatamento na Amazônia. Dados divulgados nesta sexta-feira (11) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revelam que os alertas de desmate cresceram 27% nos seis primeiros meses de 2025, saltando de 1.645 km² em 2024 para 2.090 km² neste ano.

Nuvens escondem parte da devastação

O número, já alarmante, pode ser ainda maior. O próprio Inpe alerta que a alta cobertura de nuvens durante o período dificultou a captação de imagens por satélite, o que pode ter mascarado parte da destruição. Em junho, por exemplo, foram registrados 458 km² de área sob alerta — o menor número para o mês desde o início da série histórica. Mas especialistas apontam que essa aparente queda pode ser ilusória, encoberta pelas nuvens que impediram a visualização completa da floresta.

Mato Grosso lidera a devastação

O estado do Mato Grosso foi o epicentro da destruição, com 1.097 km² desmatados no semestre — um aumento de 141% em relação ao mesmo período de 2024. Pará e Amazonas também figuram entre os mais afetados, com 833,5 km² e 774,4 km², respectivamente.

Silêncio ensurdecedor

O crescimento do desmatamento ocorre sob o terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que prometeu zerar o desmate até 2030. Curiosamente, o aumento acontece sem o alarde que marcou os anos de Jair Bolsonaro, quando artistas, ambientalistas e boa parte dos veículos de imprensa se mobilizavam com frequência contra a devastação. Hoje, diante de números crescentes, o silêncio de muitos setores é notável — e inquietante.

Investimento bilionário não freou avanço

Em junho, o governo anunciou um investimento recorde de R$ 825,7 milhões do Fundo Amazônia para reforçar a fiscalização ambiental. O projeto inclui helicópteros, drones e sistemas de monitoramento, mas os resultados estranhamente não se traduziram em queda nos índices. Segundo o Greenpeace, há uma expectativa de retrocesso nas políticas ambientais, especialmente no Mato Grosso, e pressões contra acordos como a Moratória da Soja.

A floresta pede socorro — e a sociedade, respostas

Enquanto o governo tenta conter o avanço com promessas, a floresta continua a cair. E o que antes era motivo de manchetes e campanhas, hoje parece se dissolver em notas tímidas e reações contidas.

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Jefferson Lemos é jornalista e, antes de atuar no site Coisas da Política, trabalhou em veículos como O Fluminense, O Globo e O São Gonçalo. Contato: jeffersonlemos@coisasdapolitica.com.br
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