Nesta quinta-feira (18), os trabalhadores dos Correios deflagraram greve em nove estados, enquanto os petroleiros mantêm uma paralisação nacional que já se arrasta há dias. O cenário coloca em xeque a promessa de fortalecimento das empresas públicas e revela a fragilidade da gestão em setores estratégicos da economia, além de expor o sucateamento das estatais e a incapacidade do governo Lula em lidar com déficits bilionários e demandas trabalhistas.
A crise atinge diretamente a população, com risco de atrasos nas entregas e ameaça ao abastecimento de combustíveis, e reforça críticas à condução do governo Lula, que vê trabalhadores em confronto aberto e serviços essenciais paralisados.
A estatal afirma que 91% do efetivo segue em atividade e que medidas contingenciais foram adotadas para evitar atrasos nas entregas, mas consumidores já relatam dificuldades em plena temporada de compras de fim de ano.
Nos Correios, sindicatos de Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Ceará, Paraíba, Mato Grosso e Santa Catarina aprovaram greve por tempo indeterminado. A categoria reivindica reposição da inflação nos salários, manutenção de direitos históricos, adicional de 70% nas férias, pagamento em dobro aos fins de semana e o chamado “vale-peru” de R$ 2.500.
Enquanto isso, os petroleiros rejeitaram a proposta da Petrobras para o Acordo Coletivo de Trabalho e paralisaram refinarias estratégicas como Reduc (RJ), Replan (SP), Regap (MG) e Repar (PR). Na Bacia de Campos, houve adesão total em 28 plataformas offshore. A categoria exige aumento real nos salários, melhorias no plano de cargos e salários e solução para os déficits da Petros, fundo de aposentadoria dos trabalhadores. A Petrobras afirma manter diálogo, mas não apresentou avanços concretos.
O Tribunal Superior do Trabalho tenta mediar acordos tanto nos Correios quanto na Petrobras, mas até agora não conseguiu destravar os impasses. A simultaneidade das greves escancara o desgaste das estatais, que acumulam rombos financeiros e enfrentam pressões crescentes por privatização.
