Ideologia estatista, desprezo por regras básicas de governança e diretorias tomadas por aliados partidários e sindicalistas estão corroendo as estatais brasileiras. É o que aponta o 7º Relatório de Riscos Fiscais do Tesouro Nacional, revelando um cenário de perdas recorrentes e risco crescente para os contribuintes na gestão Lula.
Segundo o documento, lançado no último dia 9, nove empresas controladas pelo governo petista acumulam déficits bilionários, exigindo aportes urgentes da União. Entre 27 estatais avaliadas — excluindo Petrobras e bancos oficiais — o Tesouro projeta prejuízos de R$ 6,2 bilhões em 2025 e R$ 6,7 bilhões em 2026.
O caso mais grave é o dos Correios, que registraram perdas de R$ 2,6 bilhões apenas no segundo trimestre deste ano, quase cinco vezes mais que no mesmo período de 2024. No semestre, o rombo já chega a R$ 4,4 bilhões, levando o governo a cogitar um empréstimo de R$ 20 bilhões para manter a estatal de pé.
Outras empresas também enfrentam dificuldades: a ENBPar, controladora da Eletronuclear, precisa de R$ 1,4 bilhão imediato para despesas até o fim do ano, enquanto a conclusão da usina de Angra 3 pode demandar outros R$ 20 bilhões. Infraero, Casa da Moeda e Companhias Docas de diversos estados também acumulam prejuízos.
Especialistas apontam que a crise foi agravada pela decisão de 2023 do então ministro do STF Ricardo Lewandowski, que suspendeu trechos da Lei das Estatais e abriu espaço para nomeações sem qualificação técnica. A medida permitiu que conselhos e diretorias fossem ocupados por indicados políticos e sindicalistas, enfraquecendo a governança e ampliando os riscos.
Sem um programa robusto de recuperação, com gestão profissional e corte de privilégios, analistas avaliam que a privatização pode ser a única saída viável para evitar que os contribuintes arquem com novos ciclos de rombos.
